É o fim dos apps de banco?

Edição 81

Banco Central avisa: apps de banco deixarão de existir.

Mais: R$ 2 bilhões para startups brasileiras de IA em 2022 e os R$ 72 milhões da CondoConta.

O fim dos apps de banco

Os apps de banco individuais darão lugar aos superapps agregadores de informações financeiras. Segundo Campos Neto,presidente do Banco Central, em apenas um ano e meio, dois anos, não haverá mais o app do Santander, do Bradesco, ou de qualquer banco específico.

Os apps únicos dos grandes bancos darão espaço para a competição entre sistemas e a expectativa é que isso beneficie os consumidores. Segundo o presidente do BC, prevê-se que haverá uma carteira digital de dados construída por um superapp, que vai captar todas as movimentações financeiras dos usuários.

A Finansystech, uma startup que levantou R$ 2,49 milhões na Captable em 2021 e, pouco tempo depois, foi adquirida pela Celcoin no segundo maior M&A de 2023, já trabalha na ideia. A fintech já atende mais de 40 bancos, cooperativas e seguradoras.

Esses clientes estão em busca de plataformas que sejam capazes de entregar aos seus clientes o conceito de Open Finance – ou seja, a abertura e compartilhamento dos dados de produtos financeiros oferecidos por bancos e corretoras, utilizados por cada cliente.

Assim, todas essas informações estarão abertas para acesso pelas instituições financeiras e, se o cliente desejar, poderão ser combinadas em um único superaplicativo.

Especialista explica o contexto

Danillo Branco, CEO da Finansystech e especialista em Open Finance, explica a fala de Campos Neto: quando mencionou a ideia, o presidente do BC estava explicando que não será obrigatório que o consumidor utilize o app de cada banco para administrar suas contas em cada instituição.

Segundo ele, isso não significa que os apps deixarão de existir, mas que deixarão de ser a única opção para interagir com uma determinada conta bancária, por exemplo. Também abrirá espaço para que as pessoas busquem superapps que combinem informações de diversas instituições – e esses apps, inclusive, podem ser criados até mesmo por startups ou empresas que não são instituições financeiras.

A relação com os bancos continuará, mas em um novo canal. Será uma disputa pela evolução dos canais de interação com o cliente – uma luta pelo hábito dos clientes se desenrolará. 

Para não perder espaço na cabeça dos clientes, as grandes instituições bancárias já preparam o terreno para manter sua relevância. O Banco do Brasil, por exemplo, já trouxe para dentro do seu app dados de outras instituições; o Bradesco, no Next, permite assinar o Disney Plus; o Itaú já oferece opções de seguros.

Antes do que se imagina

A previsão do presidente do Banco Central pode parecer irrealista à primeira vista. Mas, vale lembrar, o brasileiro demonstrou apetite por facilidade e inovação quando ocorreu o lançamento do PIX no país.

A estimativa era que a adoção do novo meio de pagamento instantâneo levaria seis meses para alcançar 200 mil transações – na realidade, o número foi de 10 milhões de transações nesse mesmo período. 

Startups brasileiras de IA levantaram R$ 2 bilhões em 2022

Segundo o relatório sobre Inteligência Artificial do Distrito, publicado em 2023, as startups latinoamericanas de IA têm um potencial exponencial: são quase 500 startups ativas mapeadas. Só no Brasil, elas já levantaram R$ 2 bilhões apenas em 2022.

E o uso da tecnologia disparou: o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 foi suficiente para fazer com que o uso de IA em algum nível dentro dos processos de empresas da América Latina chegasse a 29% – globalmente, essa adoção chega a 34%, segundo dados de um estudo da IBM.

E mais: de acordo com a consultoria IDC, foram investidos, globalmente, US$ 500 bilhões na tecnologia neste ano. E a projeção é de que, até 2030, a IA contribua para um crescimento de 5% do PIB da América Latina.

Brasil larga na frente

O Brasil se destaca na região ao concentrar o maior número de empresas do segmento e o maior volume de investimentos. O país é responsável por 73,65% do total de startups do setor na LatAm. Um líder regional no desenvolvimento e inovação em IA na América Latina.

Logo após o Brasil, Colômbia e México figuram com 6,64% de representatividade cada; o Chile ficou com 5,60% do total, a Argentina com 3,73%; e, por fim, Peru, Uruguai, Costa Rica e Equador juntos somam pouco mais de 3% do total.

Segundo Eduardo Fuentes, Head de Research do Distrito: 

“Esses números refletem um cenário promissor, mas que ainda necessita de maiores investimentos e iniciativas para fomentar a inovação e o desenvolvimento tecnológico, indicando que ainda existe muito espaço para crescimento e consolidação desses mercados”.

CondoConta levanta mais R$ 72,3 milhões

Depois de receber, no início de outubro, R$ 30 milhões via EXT Capital, a CondoConta garantiu mais R$ 72,3 milhõespara reforçar a operação.

O novo aporte foi realizado por SYN Proptech, Endeavor Scale-Up e Terracotta Ventures, além dos atuais investidores como Redpoint eVentures e Igah Ventures.

Segundo o fundador, Rodrigo Della Rocca:

“A gente entendeu que os condomínios não tinham um produto financeiro dedicado exclusivamente a eles, porque o condomínio até tem CNPJ, mas não é exatamente uma empresa. É o dinheiro de várias pessoas numa única conta. E isso, às vezes, dificultava, por exemplo, a tomada de crédito”.

A CondoConta se diz o “banco dos condomínios” e oferece uma conta com diversos serviços, como: transações e emissão de cotas condominiais mensais; prestação de contas em tempo real; automação de boletos e balanços; crédito para financiamentos; seguros; e antecipação da cota condominial.

O volume surpreende

A startup já transacionou mais de R$ 650 milhões e possui R$ 90 bilhões em gestão de patrimônio condominial. Com os aportes recentes, já liberou a primeira grande novidade: uma API pública e gratuita. A ideia é que a tecnologia do banco seja integrada aos sistemas de gestão das administradoras de condomínio, o que dará mais escala para o negócio. 

Com a novidade, pretendem alcançar R$ 1 bilhão de reais transacionados até metade do ano que vem. 

A aposta no crescimento do negócio está baseada em um dado: hoje o Brasil tem cerca de 500.000 condomínios, com aproximadamente 95 milhões de pessoas morando ou trabalhando neles. Desses 95 milhões, a fintech atende, hoje, 400.000. Ou seja, há muito espaço para crescer.

Mas Della Rocca entende que, para isso, precisa romper algumas barreiras: 

“Estamos vivendo uma mudança que é benéfica para a CondoConta, até alguns anos atrás, o síndico era o senhor que estava aposentado e tinha mais tempo para cuidar do condomínio. Agora, acontece uma profissionalização. É um novo perfil, que vem com uma mudança de mentalidade”. 

Mesmo assim, o empresário entende que é uma missão da empresa educar o mercado e criar espaços para que mais condomínios virem clientes do banco. 

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