O melhor ecossistema de inovação da América Latina é o brasileiro. A informação é de um levantamento divulgado recentemente pela StartupBlink, que listou as melhores cidades para startups do mundo.
Em primeiro lugar ficou São Francisco, nos Estados Unidos, seguida por Nova Iorque, Londres, Los Angeles e Boston. Na melhor colocação para uma cidade brasileira e latino-americana, está São Paulo, em 16º.
Ainda que tenha a melhor posição da América Latina, no entanto, o Brasil desceu duas posições em relação ao ano passado, ficando em 26º lugar no ranking geral de países. Isso porque 32 cidades brasileiras entraram no índice em 2021, ante os 24 deste ano, representando uma notável redução nos ecossistemas tecnológicos no país.
Mas essa queda não deve espantar quem acompanha o mercado.
2021 distorceu as expectativas
2021 foi um ano de recordes para as startups brasileiras. Para ter uma ideia, de acordo com relatório elaborado pela plataforma Sling, o volume aportado nesse tipo de ativo aumentou 200% no ano passado, com o valor médio dos investimentos partindo de US$ 5,5 milhões em 2020 para US$ 13,7 milhões.
Com mais dinheiro circulando, as startups também contrataram (muito) mais. O ecossistema brasileiro de inovação nunca tinha tido tantos trabalhadores: foram mais de 100 mil contratações em 2021.
Nunca antes, também, os investidores foram tão generosos na avaliação das startups, o que pode ser explicado pelos juros mais baixos e o dólar mais próximo do real. Nisso, entram os unicórnios, que nunca foram tão “comuns” e de ascensão tão rápida como em 2021. Antes de 2019, uma startup levaria até cinco anos para virar essa espécie rara, mas em 2021, algumas delas levaram apenas 12 meses.
Para entregarem um crescimento tão acelerado, as startups tiveram de abrir mão de lucratividade. E isso não foi problema para os investidores, que, mesmo testemunhando operações de alto custo, acreditavam no lucro a longo prazo e no futuro promissor das suas investidas.
Mas esse período de abundância de capital e aumento na quantidade de negócios não durou muito… 2022 chegou e virou o mercado de ponta cabeça.
Será, no entanto, que estamos olhando para todo esse cenário com as lentes corretas?
Não é apenas uma crise
Um cenário mais positivo, de juros mais baixos, levou a uma avalanche de investimentos em 2021, mas talvez não de uma maneira adequadamente profissionalizada e que gerou alguns efeitos, como valuations descolados.
Assim, mais que um período de recessão, o momento é de correção.
2022 vem trazendo uma nova safra de oportunidades de investimentos com múltiplos mais “civilizados” e empresas mais organizadas e atentas a questões de desempenho, como fluxo de caixa, e não apenas ao aquecimento do mercado.
Futuro promissor para as startups
Essa correção de mercado também vem fomentada pela nova regulação 88 da CVM, órgão que regula o mercado de capitais do país, que entrou em vigor em julho, e traz avanços consideráveis de liquidez para os investidores. A nova resolução autoriza as plataformas de investimento em startups a atuar como intermediadoras de transações subsequentes à oferta.
Em outras palavras, os investidores agora podem tanto ofertar seus títulos comprados em uma oferta primária quanto visualizar as ofertas feitas por outros investidores em ambientes eletrônicos promovidos pelas plataformas. Com maior liquidez, as possibilidades de retorno do investimento também ficam maiores e deixam os investidores mais seguros e à vontade para diversificar seus portfólios.
Com isso, mais recursos circularão pelo ecossistema, que serão direcionados para oportunidades mais profissionalizadas e de longo prazo.
E quem entender que o mercado é cíclico, não ficará de fora delas.