Investidores passaram a olhar com atenção para as startups em estágio mais inicial. Essa tendência já vinha sendo prevista há algum tempo, mas agora se confirmou nos números de investimentos em startups do primeiro semestre. Juntos, early-stage e seed, somaram, no Brasil, R$ 1,67 bilhão em rodadas nos primeiros seis meses.
Apesar das rodadas menores, características desses estágios de investimento – e que já representam 93% de todos os aportes em startups no Brasil –, o número de deals é tão grande que o montante surpreende. As rodadas seed, por exemplo, quase dobraram em comparação ao mesmo período de 2021, totalizando US$ 282 milhões (US$ 151 mi, em 2021).
O contraste das startups do late-stage
Como as rodadas de estágios mais avançados, são, em geral, maiores, o impacto da diminuição dos investimentos em startups mais maduras é representativo quando olhamos o volume total investido no país nos primeiros seis meses de 2022. Foram US$ 2,92 bilhões investidos, valor 44% menor que o registrado pelo segmento no mesmo período do ano anterior, quando haviam sido levantados US$ 5,26 bilhões.
São nesses estágios mais avançados que os impactos econômicos e de interesse de grandes fundos são sentidos e que geram as notícias frequentes de desespero dos unicórnios: demissões, caixa acabando e uma corrida pelo lucro nunca antes vista no mundo do Venture Capital.
Também pudera, a queda de valor investido se concentrou nessas startups em estágios mais avançados de crescimento. Enquanto captaram US$ 3,87 bilhões no primeiro semestre de 2021, agora, o número caiu para menos de um terço: US$ 1,24 bilhão.
Os segmentos de startups favoritos
O segmento favorito do período continua sendo – seguindo uma tendência que começou em 2019 – as fintechs. Os aportes no setor somaram US$ 1,36 bilhão no semestre. Logo após, as retailtechs levantaram US$ 366 milhões, já as HRtechs tiveram US$ 247 milhões investidos.
Os três maiores aportes do período foram de fintechs: Neon (US$ 300 milhões), Creditas (US$ 260 milhões) e Dock (US$ 110 milhões). Para além dos investimentos, as fusões e aquisições tiveram uma pequena queda, de 7%, saindo de 118 em 2021 para 110 neste ano.
As pequenas voam abaixo do radar
Assim como nos investimentos, são os movimentos dos gigantes que ditam o humor do mercado e o tema das notícias sobre o mercado. Enquanto isso, o early-stage voa abaixo do radar, crescendo e criando uma nova geração de futuros unicórnios.
Quem olha superficialmente, perde a perspectiva certa: enquanto as grandes startups estão encolhendo, as oportunidades dos estágios iniciais, das pequenas, crescem.