De casos isolados a uma onda de demissões em massa, das startups às gigantes, poucas empresas de tecnologia mantiveram o quadro de colaboradores intacto em 2022. De acordo com especialistas, cerca de 50 mil funcionários perderam seus empregos ano passado.
A dificuldade de captar recursos, em razão da inflação e do aumento dos juros, foi a principal razão levantada pelas startups para justificar as demissões.
A inflação e os juros altos afugentam os investidores para ativos mais seguros. Em 2022, a taxa básica de juros, a Selic, chegou a 13,75%, tornando a renda fixa a “bola da vez” do mercado financeiro.
Já para as gigantes do mercado, a razão para as demissões é diferente… afinal, dinheiro não é um problema para elas. Os cortes, na verdade, fazem parte de um movimento de reajustes do quadro de funcionários depois de contas mal calculadas (e expectativas frustradas).
Demissões chegam nas gigantes
Com um volume maior nas gigantes, o boom de tecnologia nos primeiros meses de pandemia gerou a contratação de milhares de profissionais ao redor do mundo.
No Google, por exemplo, 30 mil vagas foram preenchidas em 12 meses. Nem todas foram contratações orgânicas – muitas delas vieram das aquisições que a companhia realizou no período.
Já na Meta foram 15 mil vagas em um período de nove meses – e foi em seis que Zuckerberg percebeu que todas essas contratações foram, na verdade, mal calculadas. Em uma reunião interna, Zuckerberg disse que a companhia teria muitas pessoas que não deveriam estar lá.
A Amazon também não foi muito boa no cálculo.
No aumento da demanda por e-commerce durante a pandemia, a big tech contratou muitas (e muitas) pessoas. Acontece que, um ano depois, toda essa mão de obra ficou ociosa, já que, passado o momento de empolgação do mercado, a demanda voltou para o ritmo “normal”.
Acabou que a Amazon ganhou mais capacidade do que ela, de fato, necessitava. Assim, no início de janeiro, foram demitidos 18 mil funcionários, o maior corte já feito por uma big tech até então. Calhou ser em um momento econômico mais incerto e com menor liquidez no mercado.
Não é falta de dinheiro
Outra gigante anunciou cortes em janeiro. A Microsoft desligou 10 mil funcionários em uma tentativa de reduzir custos e reorganizar o quadro para focar nas áreas do negócio mais estratégicas – tanto que ela deve continuar contratando para elas.
O corte é o maior da companhia em oito anos. Entre 2014 e 2015, a companhia demitiu cerca de 25 mil colaboradores, resultado da infortunada compra da Nokia realizada em 2013.
Agora vem, talvez, a maior ironia: o anúncio do mais recente corte vem cerca de uma semana depois da notícia de que a Microsoft pretende aportar cerca de US$ 10 bilhões para aumentar a participação na OpenAI, empresa criadora do ChatGPT.
Próximos passos
No oba-oba do mercado de tecnologia durante a pandemia, as gigantes do mercado contrataram demais. Depois viram seus quadros de funcionários ficarem ociosos. Muitos funcionários para uma demanda linear.
Para 2023, as empresas de tecnologia devem focar em suas áreas estratégicas. As contratações devem continuar, mas em um ritmo muito menor e também mais barato. O mercado não permitirá mais excessos, nem para as pequenas nem para as gigantes.