Depois de um 2022 conturbado, investidores e empreendedores estão ansiosos para entender como 2023 será para as startups. O relatório do SlingHub sobre o primeiro mês do ano dá pistas sobre o andamento dos investimentos na América Latina.
Por enquanto, os sinais são mistos: dentre os últimos cinco anos, janeiro de 2023 foi o mês com o menor número de rodadas na América Latina, mas o volume total (US$ 674 milhões) fez o mês de janeiro de 2023 ficar em terceiro lugar nos últimos 5 anos. Também, o volume arrecadado foi 38% maior que em dezembro de 2022.
A representatividade do Brasil nos investimentos da região se manteve estável, com o Brasil capturando 48% do volume investido. O segmento que arrecadou o maior montante foi, novamente, o de fintechs – elas foram responsáveis por atrair 46% do volume investido no mês. Quanto aos M&As, ocorreram 22 no mês, um salto quando comparado aos 16 realizados em dezembro, mas menores que os 32 ocorridos em janeiro de 2022.
Nos segmentos, velhos conhecidos e novos destaques
O ranking de segmentos mais investidos indica os rumos que os cheques estão tomando, preferências dos investidores e a direção geral do mercado. As fintechs continuam liderando, com 46% dos investimentos indo para elas (US$ 313 milhões na LatAm, desses US$ 244 milhões no Brasil). Logo após, as retailtechs levantaram US$ 216 milhões na América Latina (32% do volume total).
Um novo segmento que ganhou destaque em janeiro foi o de energia: o segmento arrecadou US$ 47 milhões apenas no Brasil! Em seguida, as biotechs, empresas de biotecnologia, levantaram US$ 31 milhões (desses, US$ 30 milhões foram para startups chilenas).
Rodadas menores, mas mais numerosas
Na América Latina, ocorreram 26 rodadas de menos de US$ 1 milhão; 23 rodadas entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões; 8 rodadas de US$ 10 milhões a US$ 50 milhões; e 4 rodadas maiores que US$ 50 milhões.
Em comparação, no Brasil, foram 13 rodadas menores que US$ 1 milhão; 10 rodadas de US$ 1 milhão a US$ 10 milhões; 3 rodadas de US$ 10 milhões a US$ 50 milhões; e 3 rodadas de mais de US$ 50 milhões.
A média do tamanho das rodadas diminuiu para US$ 12,2 milhões – o segundo maior resultado em janeiro dos últimos cinco anos.
Fusões e aquisições de startups estão aceleradas
Nas fusões e aquisições, a queda é menos acentuada: com duas fusões e 20 aquisições, o resultado ficou abaixo da média de 2022 (25) e uma queda de 31% comparado a janeiro de 2022. Porém, o resultado representa um crescimento de 37% frente a dezembro.
Os 22 M&As também marcam o segundo melhor ano de fusões e aquisições em janeiro nos últimos 5 anos. O Brasil representa 63% dos compradores e 52% dos adquiridos. O segmento mais adquirido é o de fintechs (6 no mês), seguido por marketing (4) e HRtechs (2).
O ecossistema brasileiro de startups ainda está se ajustando
Os dados trazidos pelo relatório do SlingHub demonstram que o ecossistema está em estabilidade – apesar das quedas em alguns indicadores, é importante lembrar que janeiro de 2022 ainda sofreu efeitos do hype nas startups ocorrido em 2021. Somente em março do ano passado o ecossistema brasileiro começou a sofrer os efeitos dos ajustes do mercado.
Ainda assim, o volume de investimentos de janeiro foi 54% menor que janeiro de 2022 e a atividade de novos investidores desacelerou 38%. Agora, é preciso acompanhar o mercado de perto para entender se a tendência de queda terminou e se, a partir de março, as comparações ficam mais favoráveis para apontar um 2023 mais tranquilo.