A era das fintechs acabou?

O Banco Central abriu largada a uma nova corrida para as fintechs. E a linha de chegada é fontes alternativas de receita.

Isso porque o banco publicou uma nova resolução que limita para 0,7% os ganhos das startups nas tarifas de intercâmbio em cartões pré-pagos. Segundo alguns especialistas, essa mudança pode reduzir de 60% a 70% o faturamento de algumas delas.

As receitas de intercâmbio foram fundamentais na criação de diversas fintechs, por ser um modelo de operação “fácil”, e na oferta de mais 90 milhões de contas digitais gratuitas ao longo dos últimos anos. 

“Os ajustes souberam equilibrar a coexistência das fintechs e das instituições financeiras de maior porte”, disse Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs. O receio era de que o Banco Central igualasse as taxas para débito e crédito, colocando uma linha de corte muito baixa que prejudicaria mais as fintechs. Não foi o que aconteceu: as taxas para o débito ficaram em 0,5% e para crédito e pré-pago, em 0,7%.

Novos caminhos paras as fintechs

De acordo com o relatório Brazilian Payments, as mudanças devem impactar positivamente a aquisição de negócios, pelo menos no curto prazo, e negativamente no modelo de emissões de cartões. Por exemplo, é projetado um efeito abaixo de 1% da receita total do Mercado Pago, e um impacto de 1 a 2% do total de receitas do PagBank em 2023. 

Já o Nubank afirmou em comunicado que a sua receita teria sido afetada negativamente em 2,9% se a resolução estivesse em vigor desde julho de 2021.

A norma do Banco Central entra em vigor em abril de 2023. Assim, as startups terão pouco mais de 6 meses para pensarem em novas fontes de receita, pois, as que ficarem limitadas às tarifas de intercâmbio, terão que gerar um volume gigantesco de transações para suprir a redução.

Uma alternativa seria reforçar as estratégias M&A para investir em ofertas multiproduto, como a Flash que adquiriu a ExpenseOn em julho para entrar no mercado de gestão de despesas corporativas. Outra alternativa pode ser o setor de software, com a cobrança de assinaturas como outra fonte de monetização. 

Caju sai na frente

Em agosto, o Caju levantou US$ 25 milhões para bancar a sua entrada no mercado de software as a service (SaaS). O objetivo? Diversificar o negócio para obter receitas mais previsíveis e estáveis. 

Fundada em 2020 com a ideia de melhorar a experiência dos benefícios corporativos, a Caju pretende passar a vender o software aos mesmos clientes que já usam seu serviço de benefícios, oferecendo um sistema único que centralize todas as necessidades dos RHs. Atualmente as empresas têm que colocar os dados dos colaboradores várias vezes em diferentes sistemas.

Linha de chegada

A mudança nas taxas de intercâmbio nos cartões poderá reduzir a rentabilidade e “minar” o modelo de negócio de muitas startups, especialmente as de menor porte e que possuem apenas um produto. 

Não será suficiente emitir um cartão, atrair usuários e esperar a receita. A barreira de entrada para as fintechs ficará mais difícil, e só sobreviverão até a linha de chegada aquelas que apresentarem novas formas de ganhar dinheiro.

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