A Gerdau criou uma startup dentro da empresa – por quê?

Milhares de funcionários, operações robustas, receitas milionárias. Grandes empresas estão acostumadas com essa realidade, mas, na hora de criar novas verticais, sofrem com a morosidade e burocracia dos processos. 

Para contornar essa realidade – e em busca de acelerar e encurtar caminhos para o desenvolvimento de novas áreas/produtos dentro da empresa –, muitas empresas optam por adquirir, contratar ou se fundir com startups.

Agora, a Gerdau resolveu inovar. Em vez de comprar uma startup que já está pronta, a empresa criou uma startup do zero dentro de casa. Vários passos além na inovação in-company. 

A protagonista do movimento foi a Gerdau Next, o braço de inovação da siderúrgica, que desenvolveu a startup de logística para automatizar a contratação de transportadores por grandes empresas. A solução busca resolver um gargalo frequente de ineficiência na cadeia de suprimentos.

Vector Cluster Industrial

Desse problema, nasceu a Vector Cluster Industrial, uma parceria com a Vector – que já oferecia uma solução similar para o agronegócio. A parceria aconteceu na forma de uma joint venture entre a Bünge e a Target (uma fornecedora de soluções de logística). No entanto, a Gerdau deterá 100% das ações da nova companhia e a Vector receberá pela tecnologia e parte da receita em alguns serviços.

O grande diferencial da Vector Cluster Industrial é permitir a visibilidade de todo o fluxo de entrega de produtos. Entregas essas geradas ao conectar grandes indústrias e caminhoneiros independentes – à exemplo do que a Frete.com já realiza. 

Ao conectar as duas pontas, a startup poderá entregar visualização em tempo real dos transportes de um determinado pedido, possibilitando acompanhar cada entrega até totalizar o volume comprado. Sem essa integração, cria-se um atrito com caminhoneiros, que recebem pedidos de frete desatualizados ou inexistentes, o que prejudica a eficiência das operações da indústria e dos serviços de frete.

Outro fator importante para evitar atrasos é certificar-se de que o caminhoneiro que aceitou a carga tem, de fato, capacidade para carregá-la – isso também é resolvido pelos sistemas da Vector.

Essa é a terceira logtech desenvolvida pela Gerdau Next, que já é dona da G2L, operadora logística com uma frota de caminhões e da Addiante, de locação de veículos e equipamentos pesados (essa, uma sociedade com a Randon).

Afinal, por quê?

Além de solucionar problemas de velocidade na criação de novas unidades de negócio dentro de uma empresa tradicional, a criação das startups permite acelerar e permitir colaboração com outros grandes players (ou startups) para inovar mais rápido – de dentro para fora da organização.

O movimento claramente tem muito sentido estratégico para a Gerdau também: no segmento de siderurgia, o custo logístico pode chegar a representar 20% da receita da empresa. Ter ganhos de eficiência pode gerar – diretamente – ganhos de receita para o core business.

A Vector Cluster Industrial deve começar atendendo apenas às necessidades da Gerdau, mas deve ganhar independência e trazer novos clientes, assim que obtiver autorização de agências reguladoras. Só a Gerdau deve transportar 8 milhões de toneladas ao ano, começando em 2023, através da logtech.

O plano é adicionar serviços financeiros para caminhoneiros e começar a atender clientes de quatro segmentos: siderurgia, mineração, cimento, papel e celulose – setores com características similares e problemas em comum com os resolvidos para a Gerdau.

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