Em meio ao que o mercado está chamando de “inverno astral” das startups, a Kaszek fechou a captação de dois novos fundos, que somam US$ 975 milhões, para seguir investindo em startups da América Latina. Os recursos serão divididos em uma estratégia bem parecida à realizada em sua última captação, em 2021 – com o early-stage favorecido.
A maior parte dos recursos, cerca de US$ 540 milhões, será destinado à startups de estágio inicial. O plano é colocar cheques de U$ 500 mil a U$25 milhões em 20 a 30 companhias. Já o restante, US$ 435 milhões, será aplicado em rodadas a partir da série C nas startups de melhor desempenho do portfólio ou naquelas que passaram despercebidas até então pela gestora.
Sobre o momento do mercado, Hernan Kazah, sócio-fundador da Kaszek, disse, em entrevista ao Pipeline, que a escassez de capital abriu espaço para empreendedores mais convictos, planos de negócios mais sensíveis com o caixa, e a gestora queria assegurar que teria fundos para aproveitar as oportunidades.
Momento do mercado
O tom foi diferente de uma captação para a outra, mas a Kaszek conseguiu recrutar os investidores dos seus fundos anteriores. “A percepção da oportunidade que temos com tecnologia, em geral, e com tecnologia na América Latina, não mudou”, diz Kazah.
A gestora acredita que a safra de 2023 e 2024 vai ser ainda melhor que as passadas. Segundo Kazah, empresas que surgem em momentos difíceis tendem a ter modelos de negócios mais sustentáveis, com bom crescimento orgânico, margens saudáveis, necessidade mais modesta de capital e fundadores mais convictos.
Por isso, a estratégia de alocar mais recursos no estágio inicial faz tanto sentido.
Startups early-stage, pela própria natureza, já enfrentam uma escassez maior de capital, e como estão no início da construção dos seus negócios, possuem uma chance para construí-los já pensando na demanda atual (sem gastos desnecessários ou grandes equipes e, principalmente, preocupadas com lucro… ou pelo menos com alguma previsão de quando ele chegará).
Valuations
Mesmo com a redução dos valuations no mercado, a Kaszek manteve as cifras nos cheques em troca de maior posição acionária.
Como uma prática comum no fundo, ainda de maneira mais intensa durante o ano passado, a Kaszek fez uma remarcação de 28% dos valores das startups em seus portfólios, o que incluiu a brasileira Creditas.
Avaliada em US$ 4,8 bilhões na rodada levantada em julho do ano passado, na carteira da Kaszek, a fintech agora vale US$ 3,5 bilhões.
“Se acreditamos muito em uma companhia, mas o comparável do mercado público caiu 20%, é razoável que ajustemos em 20% agora, mesmo que no longo prazo isso possa mudar”, explicou Kazah. “Ainda assim, os fundos estão com bom retorno, o que fez nossos investidores continuarem acreditando na região.”
Early-stage virou favorito?
A lacuna entre negócios de estágios mais iniciais e negócios mais avançados nunca esteve tão grande. Prova disso é o gráfico abaixo, que compara a média dos valuations para cada estágio de captação de 2021 a 2022.
Nas rodadas seed, os valuations aumentaram cerca de 40%. Nas séries A e B, permaneceram praticamente os mesmos.
Já na série C e D, eles foram cortados pela metade.
O que tudo isso quer dizer?
Que o inverno que assolou o mercado durante o ano passado teve impactos menores nas empresas de estágio inicial (porque estas já operavam com seus gastos mais estruturados e organizados), e que os rumores sobre o foco renovado no estágio inicial se mostram verdadeiros.
O tanque cheio da Kaszek para investir em early-stage é uma prova disso.
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