A primeira de muitas

Edição 89

A primeira grande rodada de 2024.

Mais: passando a régua em 2023; e mais necessidade do que capital para startups em 2024.

R$ 200 milhões para a Conta Simples – a primeira grande rodada de 2024

9 dias. Esse foi o tempo que levou para que a primeira grande rodada de uma startup brasileira fosse anunciada em 2024. A Conta Simples já começa o ano com o caixa cheio, depois de receber uma rodada de R$ 200 milhões.

O aporte não trouxe novos investidores para o cap table – ou seja, foi inteiramente consumido por investidores de rodadas anteriores realizando um follow-on.

A líder da rodada, Base10Partners, contou com contribuições de Valor Capital, Jam Fund, Big Bets, Y Combinator,DOMO VC e Broadhaven para fechar o aporte.

Os planos para o futuro

Com os recursos captados, a Conta Simples irá acelerar a expansão do negócio, que hoje oferece cartão corporativo e um serviço de gerenciamento dos gastos das empresas – já somando 30 mil clientes.

Outra novidade do final de 2023 que deve impulsionar o crescimento da startup é a autorização do Banco Central para operar no crédito. Ou seja, com o capital deve intensificar a contratação de novas posições para aumentar o desenvolvimento de produtos do segmento.

Uma posição privilegiada

O CEO e fundador da startup, Rodrigo Tognini, afirmou que a startup não buscou o investimento. Depois de realizar uma forte redução das despesas em 2023, a fintech atingiu o break-even. Com isso, ainda tinha mais de 65% do valor captado na rodada anterior (Série A, de 2021) em caixa.

Um dos investidores é que sugeriu a extensão da rodada e, durante as negociações, terminou em uma Série B.

Esse é um cenário bastante distinto do que o que as startups que buscam uma Série B – com cheques bem maiores – deverão enfrentar em 2024. Segundo o fundador, a startup nem desenvolveu um pitch deck para rodada, que levou apenas um mês e meio para ser completada.

Passando a régua em 2023

Antes de falarmos das expectativas para os investimentos em startups em 2024, precisamos olhar para trás. No início do ano passado, 2023 era visto como um ano incrivelmente difícil e desafiador para startups buscando capital. E o primeiro semestre do ano de fato foi – com reflexos fortes do inverno iniciado em 2022.

A regra para as startups – inclusive as gigantes, os unicórnios – era para apertar os cintos, aumentar a eficiência e esticar ao máximo o capital levantado em rodadas em anos anteriores.

Essa foi, de fato, a realidade do mercado. Muitas startups realizaram demissões, reduziram custos e buscaram novos produtos para chegar ao desejado break-even – o ponto de equilíbrio, quando o negócio começa a se pagar sem depender de queimar recursos captados para tocar a operação.

A realidade foi que, em 2023, as startups do país levantaram US$ 1,9 bilhão em capital, uma queda de 56,8% em relação a 2022, segundo relatório do Distrito. A quantidade de deals também caiu – foram 455, contra 931 no ano anterior.

O sol se abriu no segundo semestre

Mas, logo no segundo semestre de 2023, o mercado de investimentos em startups começou a dar os primeiros sinais de aquecimento. Boa parte do resultado de 2023 se fez nesse período.

Enquanto o primeiro e o segundo trimestres somaram em torno de US$ 390 milhões captados cada, o terceiro e o quarto trimestres registraram números mais próximos dos US$ 550 milhões em cada. Ou seja, US$ 1,1 bilhão dos US$ 1,9 bilhão levantados em 2023 foram atraídos no segundo semestre.

A volta das grandes rodadas

O volume maior do segundo semestre foi impulsionado pelo retorno das megarrodadas. As 4 maiores rodadas de 2023ocorreram, de fato, nos últimos seis meses do ano. 

A maior delas, a QI Tech, atraiu R$ 1 bilhão no final de outubro; a segunda maior foi conquistada pela Gympass em agosto, totalizando R$ 425 milhões. A Creditas ficou em terceiro lugar, com uma rodada de R$ 350 milhões em setembro. E, em quarto lugar, ficou a rodada de Série B da Nomad em agosto, que somou R$ 304 milhões investidos.

Mais necessidade do que capital para 2024

Globalmente, 2023 foi o ano com menor arrecadação global em fundos de capital de risco desde 2015. Por isso, 2024 deve ser um ano em que haverá mais demanda do que disponibilidade de capital para startups, segundo Paulo Passoni,líder de Growth Investing no Valor Capital Group.

Claro, esse descompasso entre demanda e oferta afetará especialmente os estágios mais avançados, que demandam cheques mais polpudos para satisfazer a demanda de capital dos negócios.

A matemática é clara

Em um post no LinkedIn, Passoni disse que aproximadamente 250 startups em estágio de Série A receberam rodadas na América Latina nos últimos dois anos.

Segundo ele, a taxa de evolução de Seed para Série A é de cerca de 20% – ou seja, nos próximos dois anos o número de empresas em Série A deve somar 400 negócios.

O desafio financeiro alardeado por Passoni é que o mercado latino-americano atualmente não dispõe do capital necessário para atender a toda essa demanda.

Passoni, que já foi managing partner no Softbank, alertou que levantar fundos de growth com aportes de US$ 300 milhões a R$ 500 milhões para estágios mais avançados é mais desafiador do que para seed ou pre-seed – o conselho aos fundadores de startup é considerar essa realidade quando forem buscar financiamento na Série A.

Segundo avaliações do mercado, a realidade é outra na ponta oposta do espectro: para os estágios mais iniciais, os fundos estão capitalizados.

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