Baratas na fauna das startups

Depois dos unicórnios e camelos, chegou um novo animal na fauna das startups: as baratas.

#blitzscaling

De unicórnios a baratas: o fim do blitzscaling?

Cresça rápido e domine o mercado, porque o lucro virá depois.

Nessa toada, bilhões de dólares foram consumidos (e para a satisfação dos investidores). Eles próprios, já que foram os grandes fundos que incentivaram esse tipo de comportamento e questionavam quando o crescimento não era tão agressivo.

Esse comportamento levou o nome de blitzscaling.

Mas parece que o blitzscaling durou menos tempo que o que levamos pra escrever o termo… A ordem agora é outra: resistir. E o animal que representa esse tipo de startup estão bem longe de serem unicórnios… as baratas.

Da mesma forma que o artrópode é um dos seres vivos com maior resistência, são essas startups que devem superar o momento atual.

Por que?

O glamour do blitzscaling deu lugar à necessidade de manter dinheiro em caixa. 

Quanto caixa? O mercado tem estendido ao máximo o tempo que conseguem operar sem novos investimentos. Para Jeny Lee, sócia-gerente da GGV Capital, o conselho às investidas tem sido ter dinheiro suficiente para operar por 36 meses sem novas rodadas.

“Se você conseguir sobreviver nos próximos dois, três anos, provavelmente vai prosperar”, disse Tessa Wijaya, cofundadora de uma fintech da China já avaliada em US$ 1 bilhão.

Aqueles que não seguirem os conselhos e queimarem caixa em excesso poderão ter de enfrentar um downround – captar uma nova rodada com valor de mercado inferior à última. Isso faria com que as startups vendessem participação maior por menor preço aos investidores.

#venturecapital

Melhor mês desde junho: startups captam US$ 376,4 milhões em outubro

Depois de registrar o menor volume do ano em setembro, com US$ 145,3 milhões, o mercado aponta sinais de recuperação…

Em outubro foram investidos US$ 376, milhões em 54 rodadas. Foi o melhor mês desde junho para as startups brasileiras, de acordo com o Distrito.

O resultado ainda ficou bem abaixo do registrado no mesmo mês de 2021, quando as startups levantaram US$ 924,8 milhões em 80 rodadas. Mas, considerando os dez primeiros meses de 2022, os investimentos atingiram US$ 4,1 bilhões, o que supera o volume total investido em 2020 e demonstra que não existe uma ruptura na oferta de capital para startups.

“As startups ainda estão enfrentando um cenário adverso por conta da menor liquidez no mercado, puxada pelo ciclo de alta de juros no mundo inteiro e o ajuste no valor de mercados das empresas de tecnologia”, explica Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito, em nota. “Mas os números de outubro mostram que o mercado de venture capital no país é resiliente e que os investidores continuam encontrando boas oportunidades”.

👉 Destaque do mês ficou com as fintechs, que levantaram US$ 250,2 milhões em 18 rodadas.

👉 Foram 10 fusões e aquisições, indicando estabilidade em relação às 11 operações de setembro.

#deal

Mesmo que lentas e grandes, startups vivem melhor momento

Sócio de um dos maiores fundos de investimento em startups do mundo, a Sequoia Capital, Andrew Reed afirma que mesmo em um cenário macroeconômico difícil, com claros impactos globais nas empresas de tecnologia, esse continua um dos melhores momentos para investir no setor.

Em um painel realizado no Web Summit 2022, em Lisboa, Reed alertou aquelas startups que incharam suas estruturas e processos no período de bonança: é hora de seus líderes provarem que podem manobrar seus negócios adequadamente.

Segundo ele, as startups se tornaram grandes demais e lentas demais – e esse, definitivamente, não é um momento para lentidão. Mas isso também não significa que não tenha por aí exemplos de empresas grandes que aproveitaram crises para se estabelecer…

Nomes como Google, PayPal e Cisco superaram ciclos de baixa na economia americana e saíram deles mais fortes e estruturadas.

👉​ Andrew Reed não está sozinho.

Não foram poucos os nomes que recentemente afirmaram que o momento é ideal pra investir em startups… Marcelo Claure, responsável pela chegada do Softbank no Brasil, afirma que o cenário é uma oportunidade de investir em negócios que são realmente inovadores.

Outros grandes investidores, como Jorge Paulo Lemann e André Maciel (ex-Softbank), apontam que esse é o momento certo pra investir porque os valores de mercado das startups reduziram e os empreendedores estão inclinados a aceitar ofertas mais baixas. Lemann ainda foi além: “se eu fosse jovem, me dedicaria totalmente às startups”.

#fund

Google aposta em startups fundadas por negros no Brasil

Google anunciou essa semana as 10 primeiras startups investidas de seu segundo fundo Black Founders Fund, dedicado a aportar recursos em empresas com pessoas negras em seu quadro societário. 

👉 Entre as 10 selecionadas estão Easy B2B, que em 2021 captou R$ 1,5 milhão na Captable, Baruk, Damch e De Benguela.

“O principal objetivo do fundo não é gerar retorno, mas emprestar nossa credibilidade para destravar outras possibilidades”, diz André Berrance, head do Google for Startups para a América Latina, ao Neofeed.

Desde 2020, quando a iniciativa nasceu, o fundo já investiu R$ 5 milhões em 33 startups, que já conseguiram levantar mais de R$ 43 milhões em rodadas adicionais de investimento.

O segundo fundo conta com R$ 8,5 milhões e deve alocar recursos entre 25 e 30 startups.

No grupo das novas selecionadas estão empresas que desenvolvem e aplicam inteligência artificial em seus produtos e startups fundadas por mulheres, de diferentes regiões do país – 4 delas estão fora do eixo Rio-São Paulo.

Além de capital, o Google também apoia os empreendedores com mentorias e créditos em produtos da big tech.

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