Nubank vai pechinchar

Demissões em massa, big techs derretendo, investimentos diminuindo… Assim como você, também estamos um pouco cansados de ler as mesmas noticías. Mas uma pergunta temos que fazer: será que estamos olhando para todo esse cenário com as lentes corretas?

E mais: o Nubank vai utilizar uma técnica muito conhecida pelos brasileiros: a pechincha.

#M&A

Para dominar mercado, Nubank vai pechinchar

Poucos meses depois de ser avaliado como o banco mais valioso da América Latina, o Nubank viu seus papéis operarem em declínio na Nasdaq e suas ações perderem dois terços de valor. Mas essa baixa não freou a temporada de aquisições do neobanco. Muito pelo contrário.

Para David Vélez, CEO do Nubank, esse é o momento ideal para aquisições, dado que outras startups também operam em desvalorização. Com maior dificuldade para conseguir novas injeções de capital, fintechs de menor porte estão mais dispostas a negociações de compra.

“Algumas das conversas de fusões e aquisições que tivemos 12 meses atrás estão voltando com um desconto de 70%”, disse Vélez em entrevista ao Financial Times.

De acordo com especialistas, o mero fato de Vélez ter mencionado publicamente a cifra de 70% é uma indicação de qual a estratégia de negociação o Nubank utilizará daqui para frente.

Como um bom brasileiro, o Nubank vai pechinchar.

“Isso permitirá a sobrevivência dos mais aptos”, disse Vélez.

Essa fala de Vélez está em ressonância com a de outros CEOs por aí… Como trouxemos na edição 6, a Locaweb também deve “voltar às compras” depois de um período no pé no freio por considerar os preços pedidos “irreais”.

“Alguns ainda estão cobrando valores altíssimos, mas outros estão caindo na real. Quem não entender isso vai quebrar”, disse Fernando Cirne, CEO da plataforma. “Estamos no início de um momento difícil, e não no fim. E esse momento vai trazer oportunidades”.

#founder

O que aprendi com o fundador do Nubank

POR GUILHERME ENCK

Meus heróis não morreram de overdose. Pelo contrário. São indivíduos que usam da sua vivacidade, da sua energia e das suas faculdades intelectuais para criar novas soluções para grandes problemas e gerar valor aos indivíduos da sua sociedade. Quem me inspira é o quintessencial herói Randiano: o empreendedor.

Aqueles que me conhecem sabem que uma das poucas habilidades que me sinto confortável em dizer que possuo é a de manter um diálogo fluido com quase qualquer pessoa, possivelmente fruto de experiências pessoais e das três (re)leituras completas e atentas do clássico Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie.

Lamentavelmente, entretanto, justamente quando mais precisava recorrer a esta aptidão, ela me abandonou sumariamente, sem avisar para onde iria e me dar a chance de lhe recomendar que levasse um casaco.

Minha conversa com David Vélez durou 5 minutos.

Mas, acredite, foi o suficiente para me ensinar uma lição poderosa sobre negócios, cultura organizacional e diferenciais competitivos. Reputo o Nubank, por variados critérios, a startup mais bem sucedida da história do Brasil, e carrego uma forte admiração pelo seu fundador, representante arquetípico da classe dos empreendedores inovadores.

Talvez seja justamente por esse motivo que, ao me encontrar frente a frente com ele, eu tenha me comportado conforme relato aqui.

#venturecapital

Caos nas startups ou falha de percepção?

2021 foi um ano de recordes para as startups brasileiras. Para ter uma ideia, de acordo com relatório elaborado pela plataforma Sling, o volume aportado nesse tipo de ativo aumentou 200% no ano passado, com o valor médio dos investimentos partindo de US$ 5,5 milhões em 2020 para US$ 13,7 milhões.

Com mais dinheiro circulando, as startups também contrataram (muito) mais. O ecossistema brasileiro de inovação nunca tinha tido tantos trabalhadores: foram mais de 100 mil contratações em 2021.

Nunca antes, também, os investidores foram tão generosos na avaliação das startups, o que pode ser explicado pelos juros mais baixos e o dólar mais próximo do real. Nisso, entram os unicórnios, que nunca foram tão “comuns” e de ascensão tão rápida como em 2021. Antes de 2019, uma startup levaria até cinco anos para virar essa espécie rara, mas em 2021, algumas delas levaram apenas 12 meses.

Mas 2022 chegou e o que mais lemos são notícias de demissões em massa, de big techs “derretendo” e de investidores mais cautelosos…

Será, no entanto, que estamos olhando para todo esse cenário com as lentes certas?

Um cenário mais positivo, de juros mais baixos, levou a uma avalanche de investimentos em 2021, mas talvez não de uma maneira adequadamente profissionalizada e que gerou alguns efeitos, como valuations descolados.

Mais que um período de recessão, o momento é de correção.

2022 vem trazendo uma nova safra de oportunidades de investimentos com múltiplos mais “civilizados” e empresas mais organizadas e atentas a questões de desempenho, como fluxo de caixa, e não ao momento de aquecimento do mercado.

Essa correção de mercado também vem em um momento adequado. A nova regulação 88 da CVM, órgão que regula o mercado de capitais do país, que entrará em vigor a partir de julho, trará avanços consideráveis de liquidez para os investidores, e, com isso, mais recursos para o ecossistema, que serão direcionados para oportunidades mais profissionalizadas e de longo prazo.

E quem entender que o mercado é cíclico, não ficará de fora delas.

#venturecapital

São Paulo tem o maior ecossistema de startups da América Latina

A América Latina foi a região que mais cresceu em investimento em startups do mundo em 2021. Foram mais de US$ 19,5 bilhões investidores na região, valor que é o triplo dos resultados (recordes) de 2020. A informação é do Relatório Global do Ecossistema de Startups de 2022, que também destacou São Paulo como o principal centro da região para investimentos nesse tipo de ativo.

A cidade cresceu três posições no ranking global, ficando em 28º lugar. O resultado vem da criação de 12 unicórnios e duas saídas de mais de US$ 2 bilhões, incluindo o IPO de US$ 41 bilhões do Nubank.

Além da São Paulo, atividades significativas têm surgindo em Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Em 2021, o país registrou um crescimento de 237% no valor em dólares das rodadas da Série B+ em comparação com 2020. O valor total de saídas teve um salto gigantesco: foi de US$ 1 bilhão para US$ 49 bilhões.

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