Demissão silenciosa, mas culpado evidente?

O termo quiet quitting, ou demissão silenciosa, viralizou essa semana e gerou debates. Será que existe um culpado?

Hrtechs também deram o que falar.

A demissão é silenciosa, mas o culpado é evidente?

Um assunto que deu o que falar na última semana foi a demissão silenciosa (ou quiet quitting, em inglês).

O termo é um pouco ruim para explicar o que está por trás da ideia, porque ela não tem nada a ver com demissão, e, sim, fazer o mínimo esperado da função. A intenção é estabelecer limites no trabalho para evitar a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional.

Cunhado no Tiktok, o termo está muito atrelado à Geração Z, que dá fim ao comportamento workaholic. Para ter uma ideia, de acordo com levantamento publicado no Wall Street Journal, 54% dessa geração se enquadra no quiet quitting.

Para Renata Tomazelli, especialista, psicóloga e fundadora da Youfeel Health, movimentos como esse resolvem o problema da forma incorreta.

“As empresas precisam escutar suas equipes, incentivando a liderança a se reunir com seus funcionários e falar abertamente sobre a demissão silenciosa”, disse ela a StartSe. “É preciso construir um ambiente de confiança”.

Ainda, um levantamento da Harvard revelou que líderes menos eficientes têm de 3 a 4 vezes mais pessoas que podem ser consideradas como quiet quitters quando comparados aos líderes mais efetivos.

👉​ Os gestores piores avaliados tinham 14% dos seus liderados fazendo demissão silenciosa e apenas 20% dispostos a fazer esforços extras.

👉​ Aqueles melhores avaliados, no entanto, tinham 62% dos funcionários dispostos a fazerem mais que o esperado e apenas 3% considerados como quiet quitters.

De acordo com os dados, a culpa pela demissão silenciosa não estaria em trabalhadores desmotivados ou preguiçosos, e sim nas empresas e seus líderes.

Vale pontuar que há uma relação histórica entre dizer que “ninguém quer mais trabalhar”, enquanto as pessoas trabalham cada vez mais horas por dia. O trabalho que, antes, ficava no escritório, agora acompanha os colaboradores de volta para casa ou, mais ainda, devido às restrições para conter a pandemia, a própria casa passou a ser o local de trabalho.

Assim, é importante que os colaboradores coloquem limites no trabalho, definindo prioridades e comunicando isso da maneira correta no trabalho. E os líderes, por sua vez, precisam estar atentos a esses pontos.

  • Mas como fazer menos e ainda mostrar resultados?

💡 Eliminando as tarefas que não têm bom desempenho. De acordo com estudos, as pessoas passam 39% da jornada de trabalho realizando as tarefas “reais”, e o restante do tempo ficam envolvidas no que é chamado de “trabalho improdutivo”, como excesso de reuniões.

#hrtechs

Em meio a demissões, hrtechs recebem atenções

Parece um pouco contraditório as hrtechs, startups que solucionam problemas do setor de recursos humanos, estejam tendo um momento de destaque no ecossistema… Mas é o que está acontecendo.

A hrtech mexicana, Plerk, recebeu essa semana um cheque de US$ 12 milhões da Upload Ventures, fundo spin-off do Softbank. A startup oferece um serviço análogo aos das brasileiras Caju e Flash: um cartão recarregável com mais de cem produtos e serviços.

Falando na Caju, a hrtech anunciou captação de US$ 25 milhões, em uma rodada série B com participação de Valor Capital Group, Caravela Capital, FJ Labs e Clocktower.

A Caju já atende 11 mil empresas no país e, com o aporte, quer dobrar o número de usuários até o fim de 2022. A hrtech também planeja investir no aumento do próprio time, que já conta com 190 colaboradores, para sustentar a operação.

E, diferente da Plerk e Caju, a Feedz fechou um M&A com a Totvs, empresa brasileira de software, que adquiriu participação de 60% por R$ 66 milhões (os 40% restantes serão adquiridos no primeiro semestre de 2025, com preço a definir).

E as demissões?

Só demite quem contrata. E as hrtechs estão aí para provar que o interesse dos fundos de investimento e grandes empresas não diminuiu com as constantes demissões noticiadas.

  • Vale lembrar que 100 mil empregos foram criados nas startups em 2021 e os layoffs de 2022 representam menos de 10% desse número.

A capitalização e presença de startups brasileiras consolidadas, como Caju e Flash, também foram motivo para impedir a entrada de concorrentes internacionais como a Plerk no mercado nacional. Ainda, o segmento de hrtechs não tem demissões registradas segundo o site Layoffs Brasil.

Será que as empresas de tecnologia de RH não precisaram rever suas contratações? Parece que até agora não… e o capital continua disponível.

Mulheres receberam 31% dos aportes feitos em 2022

Pela primeira vez, um terço dos aportes realizados na América Latina foram destinados a startups fundadas por mulheres (ou com, pelo menos, uma no board). O volume pulou de 16% em 2019 para 31% em 2022.

Minoria ao receber investimento, o número de mulheres assinando os cheques também é menor em relação aos homens. Em 2021, a LAVCA liberou o ranking Top Women Investors in Latin America Tech, e destacou 117 investidoras na América Latina – dessas, um terço são brasileiras.

O avanço do empreendedorismo feminino na região teve reflexos por aqui…

  • Em janeiro, a hrtech Gupy fechou rodada de R$ 500 milhões, uma das maiores não só no ano, mas também no mercado em que ela atua e para uma startup criada por mulheres.
  • Sólides, também do setor de recursos humanos, levantou R$ 530 milhões em rodada Série B. A startup foi fundada por Monica Hauck, que também assume a cadeira de CEO da companhia.
  • Já a Intera, também hrtech, cofundada por Paula Morais, recebeu um cheque de R$ 9,85 milhões da Citrino Ventures, por meio do fundo CV Idexo, e de investidores-anjo.

#ESG

Food To Save girou R$ 5 milhões e evitou perda de 300 toneladas

Cerca de 41 mil toneladas de alimentos em perfeitas condições deixam de ser aproveitadas diariamente, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU. Desse problema, nasceu a Food To Save, foodtech sustentável pioneira no setor que já evitou, desde o início da operação, o descarte de mais de 300 toneladas de alimentos em São Paulo e Rio de Janeiro.

Por meio da venda de Sacolas Surpresa por meio do aplicativo, a Food To Save já possui mais de 700 estabelecimentos parceiros. Entre eles, Starbucks, Rei do Mate, Dengo Chocolates e Havanna.

Vendidos a descontos de até 70%, os produtos das Sacolas são excendentes de produção dos estabelecimentos, que demandam consumo imediato, com pequenas imperfeições ou próximos à data de validade. Todos aptos para consumo, claro.

Ainda, a startup já evitou que mais de 700 toneladas de carbono fossem enviadas à atmosfera.

A meta até o final do ano é ultrapassar a marca de 500 toneladas de alimentos resgatados e ampliar a operação para estados vizinhos, como Minas Gerais e Brasília.

  • Em maio, a Food To Save captou R$ 1,3 milhão em menos de 24 horas na Captable.

Além de girar R$ 5 milhões, a startup também gerou mais de R$ 3 milhões em receita incremental aos estabelecimentos parceiros.

O futuro do VC é o CVC?

Nos últimos meses, grandes organizações brasileiras, como B3, Locaweb e Renner, lançaram seus veículos de corporate venture capital (CVC). Esse maior interesse nas startups é pelo fato de que inovar por conta própria leva mais tempo – e mais dinheiro.

Ainda, algumas perspectivas de um ciclo de baixa no venture capital (VC) possibilita um posicionamento mais relevante dos fundos de CVC como investidores e consolidadores do ecossistema.

A pergunta que fica é: o CVC pode tomar o lugar do VC?

Para ajudar a entender esse movimento das organizações, a Captable convidou Alexandre Messina, Head de Corporate Venture da Americanas, para bater um papo no Podcap.

🎧​👉​ Para ouvir o terceiro episódio do Podcap, podcast da Captable, clique aqui.

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