Desaceleração pode ser positiva?

Você sabe o que é venture debt? E mercado subsequente de startups? E por que a desaleração dos investimentos pode ser positiva?

Respondemos tudo isso na edição #14 da 1248. 👇

#venturecapital

Movimentações de veteranos

A semana foi de movimentações de veteranos.

Ex-Nubank e ex-99 fundam nova startup, enquanto Eduardo Saverin, que fez fortuna ao fundar o Facebook, criou um fundo para investir em early stage.

A nova startup de Peter Fernandez, ex-CEO da 99, e Gabriel Haddad, ex-CFO do Nubank, é a Mombak, focada na produção de créditos de remoção de carbono pelo reflorestamento de aréas degradadas da Amazônia.

Diferente da maioria das plataformas de crédito de carbono, a Mombak nasce verticalizada para originar os créditos de carbono com seus projetos de reflorestamento e depois vender os créditos diretamente a empresas que querem compensar suas emissões.

Há outros modelos para retirar carbono da atmosfera, consideradas até mais “techs”, como a Climate Works, investida de Bill Gates, que constrói parques industriais para sugar o ar e pegar o carbono para injetá-lo no solo, mas o reflorestamento é o mais barato deles, além de trazer outros aspectos positivas, como aumento da biodiversidade.

A Mombak realizou uma rodada no ano passado com a Kaszek Ventures e os fundos americanos USV e Byers. Atualmente, está prestes a iniciar uma nova captação para financiar a compra dos terrenos onde será feito o reflorestamento

Já a B Capital Group, gestora do cofundador do Facebook, Eduardo Saverin, levantou US$ 250 milhões para investir em startups em estágios iniciais. O fundo criado, o Ascent Fund, vai focar em rodadas seed (de até R$ 2 milhões) e série A (de US$ 6 a US$ 8 milhões).

A gestora já possui mais de US$ 6 bilhões em ativos sob sua gestão, mas a maioria deles estava em investimentos em negócios mais avançados. A decisão de também atuar em early stage tem a ver com a característica do estágio de ser muito imune aos ciclos de mercado.

#venturedebt

Umbler capta R$ 10 milhões em venture debt

A Umbler, startup que atua no segmento de hosting e e-mail, levantou R$ 10 milhões em rodada de venture debt com a Brasil Venture Debt (BVD) para acelerar o crescimento da sua nova solução, o uTalk, de atendimento via chat com foco no WhatsApp.

A estratégia com a uTalk é ocupar um mercado que passa despercebido ou é pouco relevante para as gigantes do setor, como Take Blip e Zenvia: as PMEs. Essas não possuem caixa para suportar uma solução acima de mil reais e, por isso, a solução da Umbler, de ticket médio de R$ 250, pode chamar atenção no volume de clientes.

E por que a Umbler escolheu o venture debt?

Por possuir um negócio com previsibilidade de receita e por querer deixar a diluição dos fundadores (e investidores de rodadas anteriores) mais para frente.

No venture capital, a startup entrega participação aos investidores, já no venture debt, os investidores não viram sócios da empresa e, sim, credores. Mas, para conseguir uma rodada nesse modelo de financiamento, a startup já tem que ser rentável e possuir alto potencial de crescimento – isso porque precisará devolver o dinheiro aos credores ao final do período, com juros.

Embora tenha procurado opções de venture capital para uma série A no final de 2021, a Umbler, por ter dinheiro em caixa, percebeu que tinha opções fora do venture capital, como o venture debt. E, além disso, já sabia que era possível levantar o capital de forma rápida – captou R$ 1 milhão em 3 dias na Captable em 2020.

Foram 90 dias para levantar o capital com a BVD, processo que levaria meses ou anos com um fundo de venture capital – tempo que a Umbler não tem por precisar escalar a nova solução, o uTalk, rapidamente.

Em uma posição mais confortável, a Umbler agora deve aguardar até 2023 ou 2024 para buscar uma rodada de Série A, chegando lá com uma presença estabelecida no mercado e um produto mais robusto (a receita perfeita para conquistar um valuation maior e ceder menos participação na hora de voltar pro jogo do VC).

Desaceleração dos investimentos pode ser positiva?

A desaceleração global no financiamento de startups pode não ser tão negativa como parece…

Isso porque ela permitirá que os investidores encontrem empresas mais promissoras com modelos de negócios mais fortes, de acordo com altos executivos do GIC, o fundo soberano de Cingapura.

A desaceleração é uma contraposição com a era do dinheiro fácil, onde muitos setores estavam cheios de empresas iniciais em busca de crescimento e participação de mercado, em vez de lucratividade.

Muitas startups tem arregaçado as mangas para arrecadar fundos após a bonança recorde de US$ 621 bilhões em 2021, que terminou quando os bancos subiram os juros para combater a inflação, fazendo com que os investidores fugissem de ativos com mais riscos.

“Existem tantas novas empresas que se destacaram durante esse período?”, questionou o diretor de investimentos Jeffrey Jaensubhakij ao Nikkei Asia. “Provavelmente não, mas o que aconteceu foi que esse dinheiro permitiu que muitos concorrentes ganhassem escala e, finalmente, entrassem para competir ao mesmo tempo”.

E como as startups hoje em dia têm menos garantias de financiamento abundante, as que tiverem os melhores modelos de negócios têm maior probabilidade de sobreviver. “Isso acaba sendo uma coisa muito boa porque torna a competição um pouco mais racional“, disse Jaensubhakij.

E é por isso que o GIC continuará investindo em empresas de tecnologia promissoras, ainda que muitos investidores continuem evitando ações de alto crescimento.

“A conjuntura indica que o investimento em venture capital deve ficar mais qualificado”, escreveu André Ghignatti, cofundador e diretor executivo da WOW Aceleradora, para o Startups. “Devem sair do ecossistema de inovação brasileiro aqueles que se aproximaram com a ilusão do ganho rápido e fácil, permanecendo os investidores mais experientes que de fato conseguem apoiar o empreendedor em toda a sua jornada”.

Já no lado dos empreendedores, o capital sempre existirá para aqueles que estão propondo soluções inteligentes para resolver problemas reais. E não faltam problemas para serem resolvidos por aqui.

Menos euforia por captação de cheques vultuosos pode ser positivo, ao ajudar os empreendedores a focarem no que realmente importa, eliminando ineficiências, fazendo mais com menos e buscando o crescimento sustentável.

#podcast

O que é e como vai funcionar o mercado subsequente de startups

A nova regulação 88 da CVM autorizou as plataformas de investimento em startups, como a Captable, a atuarem como intermediadoras de transações subsequentes à oferta. Essa possibilidade de venda e troca de títulos levou o nome de MERCADO SUBSEQUENTE.

Em outras palavras, pelo mercado subsequente, os investidores agora podem comprar e vender títulos de ofertas primárias de startups que captaram com sucesso nas plataformas.

No primeiro episódio do Podcap, Leonardo Zamboni, nosso apresentador oficial e CRO da Captable, recebeu Paulo Deitos, CEO da Captable, e Greg Schneider, Head of Legal and Compliance, para debater sobre as principais mudanças da nova regulação e por que o MERCADO SUBSEQUENTE tem o potencial de revolucionar o setor.

Clique AQUI e confira.

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