É carne de verdade

Edição 61

Crescimento das agrifoodtechs na América Latina. O primeiro unicórnio brasileiro de 2023. IA generativa domina a lista das melhores startups de inteligência artificial.

Tudo isso e mais nessa edição da 1248.

#agtech

Agrifoodtechs avançam na América Latina

Um estudo recente realizado pela AgFunder trouxe à tona boas e más notícias para o setor de agrifoodtech na América Latina.

Em 2022, a região ficou com apenas 5% do total dos investimentos globais em agrifoodtech, que foi de US$ 29,6 bilhões. Ainda assim, o valor de US$ 1,7 bilhão representou 21% de todos os investimentos na América Latina.

Foram 153 foodtechs e agtechs de toda a América Latina e México que conseguiram receber investimentos, num total de 176 rodadas, de todos os estágios, incluindo até empréstimos.

O Brasil ficou com a maior fatia dos investimentos, com US$ 765 milhões. Logo em seguida, vem a Colômbia com US$ 363 milhões e o México com US$ 262 milhões. Dá pra notar uma diferença bem significativa entre o primeiro e o segundo lugar, não é?

Nos últimos cinco anos, as startups de tecnologia agroalimentar da região conseguiram arrecadar US$ 7,3 bilhões. Mais da metade desse montante veio só nos anos de 2021 e 2022, de acordo com o estudo.

No ano passado, o setor agroalimentar também sentiu a queda nos investimentos. Foi captado 39% a menos do que o recorde de 2021. Mas, mesmo assim, o valor arrecadado ainda representa um aumento de 183% em relação a 2020.

Por que o crescimento das agrifoodtechs na região é tão crucial?

A América Latina é a maior produtora de soja do mundo e também abriga 23% da produção global de carne bovina e búfala, além de ser responsável por 20% da produção mundial de aves.

E mesmo com toda essa produção, a região ainda não consegue garantir uma alimentação adequada para 131 milhões de pessoas em seus próprios países. Essa informação vem de um estudo recente da ONU.

Essas startups estão desenvolvendo soluções para enfrentar os desafios globais de segurança alimentar e têm um papel importante na busca pela sustentabilidade da cadeia de abastecimento de alimentos.

Um pouco mais pra cima na América… 

O Departamento de Agricultura dos EUA deu luz verde para a venda de carne de frango cultivada em bioreatores por duas startups dos Estados Unidos. Agora, essa carne de frango cultivada pelas empresas Upside Foods e Good Meat pode ser encontrada nas prateleiras dos supermercados.

É um passo importante para o consumo de proteína animal em todo o planeta.

Até o momento, apenas Singapura tinha aberto as portas para a comercialização da carne cultivada de frango produzida pela Good Meat. Essa empresa é conhecida por seus alimentos à base de plantas, incluindo o popular JUST Egg, uma linha de ovos líquidos.

“Mas eu gosto mesmo é de carne de verdade!”. A carne cultivada em bioreatores é, de fato, carne. Ela possui a mesma textura e sabor da carne convencional, pois é originada a partir de células-tronco que se multiplicam dentro desses bioreatores, imersas em um meio biológico adequado.

Agora, aqui uma questão-chave que tem gerado ceticismo de uma parte do mercado: a capacidade de produção em grande escala depende do tamanho e da quantidade de bioreatores utilizados. O desafio é encontrar maneiras de tornar a produção mais escalável e de chegar a preços razoáveis para o consumo em larga escala.

É um caminho a ser explorado, mas com avanços contínuos, especialistas acreditam que em breve a carne cultivada possa se tornar uma opção acessível e sustentável para todos.

#unicórnio

It’s a first: o primeiro unicórnio brasileiro de 2023, e o primeiro fundado por mulheres

startup brasileira Pismo, que oferece serviços e soluções bancárias para empresas de pagamentos, foi adquirida pela Visa, por nada menos que US$ 1 bilhão!

A aquisição conferiu à Pismo não apenas o status de unicórnio, mas também o título de primeiro unicórnio brasileiro de 2023 e também o primeiro fundado por mulheres na história.

A Pismo foi fundada pelas irmãs Daniela e Juliana Binatti, junto aos sócios Ricardo Josua e Marcelo Parise.

Essa transação de US$ 1 bilhão é a maior aquisição de uma startup brasileira desde que a empresa chinesa Didi Chuxing adquiriu a 99 em 2018.

A compra faz parte de uma estratégia da Visa para expandir sua presença nos sistemas bancários baseados em nuvem. Com a aquisição, a multinacional agora tem capacidade de fornecer soluções de processamento bancário e emissão de cartões de todos os tipos, aproveitando a integração na nuvem para aprimorar a experiência dos clientes.

Além disso, a Pismo possibilitará que a Visa ofereça suporte e conectividade para as mais recentes tendências de pagamento, como o Pix, para instituições financeiras.

Fundada em 2016, a ideia da Pismo surgiu na Praia de Pismo, na Califórnia, o que explica o nome escolhido. Em apenas 7 anos, a fintech passou pelas fases de criação, estruturação e agora chegou à fase de aquisição.

Segundo um investidor, a Pismo desenvolveu uma tecnologia de ponta, capaz de competir em escala global. A startup possui operações na América Latina, Ásia e Europa, e tem clientes de peso como Itaú, BTG, Nubank e B3.

A Pismo gerencia uma carteira invejável de 82 milhões de contas, emitindo cerca de 40 milhões de cartões e processando mais de US$ 200 bilhões em transações anualmente.

#IA

IA Generativa domina a lista AI 100 do CB Insights (Alguém surpreso?)

Todos os anos, o CB Insights seleciona as melhores startups de IA, e a lista “AI 100” de 2023 foi divulgada recentemente.

Como era de se esperar, a maioria dessas empresas é de IA generativa. Cerca de um terço delas desenvolve aplicações de IA voltadas para setores específicos, como dublagem visual para mídia e entretenimento, ou reciclagem de têxteis para moda e varejo.

Um total de 40 empresas produzem soluções transversais, como assistentes de IA, interfaces homem-máquina (IHMs), gêmeos digitais, tecnologia climática e até digitalização do olfato.

Além disso, há startups especializadas em soluções de análise de emoções e dedicadas ao desenvolvimento de humanóides de uso geral, um campo em crescimento.

Outras 27 empresas estão focadas em ferramentas, como bancos de dados vetoriais e conjuntos de dados sintéticos, para apoiar o avanço do desenvolvimento de IA.

Aqui estão mais alguns dados relevantes:

👉 Desde 2019, as startups presentes na lista AI 100 de 2023 arrecadaram quase US$ 22 bilhões (desse valor, US$ 13 bilhões foram da Microsoft na OpenAI). 👉 Das startups da lista, 50 estão em estágios iniciais, o que significa que seu último estágio de investimento é Angel Seed ou Série A. Algumas delas ainda não receberam financiamento.👉 A lista conta com 15 unicórnios.

#podcast

Dos termos à conclusão: a evolução do ecossistema de startups

Evolução do ecossistema de startups, rodadas de investimento e transações de tecnologia no Brasil, incluindo eventos importantes como a entrada do Softbank na América Latina, flutuações nos valuations e a falência do Silicon Valley Bank.

Para falar sobre todos esses tópicos, o mais recente episódio do Podcapcontou com a participação de Eduardo Zilberberg, sócio-fundador da BZCP, escritório de advocacia especializado em assessorar startups e investidores.

O episódio também aborda as principais estruturas de investimento e questões de governança que os empreendedores devem considerar ao longo do ciclo de vida de uma startup.

Você também encontrará nesse episódio:

👉 Downrounds👉 Estrutura de investimentos👉 Cuidados com contratos e deals (cláusulas, riscos e controle)

Para ouvir o episódio completo clique aqui.

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