Inteligência artificial é o X da questão

Com valuations milionários, startups de inteligência artificial vivem uma realidade bem diferente das outras startups. Enquanto isso, regulamentação pode frear IA na União Europeia.

Mais: fundos procuram alternativas para não deixar o dinheiro parado.

#IA

Startups de IA vivem realidade diferente à do resto do mercado

Muitos investidores estão relatando viver em dois mundos distintos.

Parte do dia é dedicada a analisar pitchs de startups que exploram o potencial da inteligência artificial generativa, enquanto a outra parte é dedicada a ajudar as empresas já presentes no portfólio a sobreviver à queda do mercado.

Essa dicotomia entre as startups de IA e todas as outras fica evidente quando falamos de valuation. Olha só:

As médias de valuation pré-money para rodadas iniciais de empresas de IA generativa aumentaram 16% em 2023, de acordo com dados do Pitchbook.

Enquanto isso, os valuations de todas as outras startups que estão buscando investimentos em rodadas Série A ou Série B diminuíram quase 24%.

Algumas startups de IA generativa, mesmo as que ainda não possuem receita, estão conseguindo levantar rodadas de investimento com valuations em torno de US$ 250 milhões.

Um exemplo delas foi a Rewind, que atingiu um valuation de US$ 350 milhões da NEA, com base em uma receita de apenas US$ 700 mil, segundo o The Information. O fundador da Rewind ainda informou ao The Information que qutros investidores estavam dispostos a atribuir à startup um valor de até US$1 bilhão.

Outro exemplo é a LangChain, uma startup de IA com receita “mínima”, foi avaliada em mais de US$ 200 milhões em uma rodada liderada pela Sequoia, conforme relatado pelo Business Insider.

Todo esse cenário é muito diferente para startups não relacionadas à IA.

Segundo especialistas, startups de Série A com receitas de mais ou menos US$ 1 milhão estão atingindo valuations de até US$ 15 milhões, o que é muito distante dos preços atribuídos a suas contrapartes de IA generativa.

Enquanto isso, um novo relatório do BCG, divulgado essa semana, diz que deixar de dominar a IA pode ser fatal, especialmente para as estratégias de inovação.

De acordo com o relatório, não se trata mais se a IA pode ter impacto, mas sim de saber até que ponto as empresas a estão utilizando adequadamente para gerar valor comercial real.

Das empresas que implementaram a tecnologia em seus negócios (85%), menos da metade (45%) conseguiram traduzir esse uso em benefícios verdadeiros.

Um dos motivos que podem impedir as empresas de aproveitarem plenamente essa tecnologia é a euforia em torno da IA Generativa e dos grandes modelos de linguagem.

Isso fez as pessoas ignorarem que aplicações de IA, de sucesso, já existem há muito tempo, alimentando grandes modelos comerciais.

Ainda, nem todos os desafios comerciais são adequados para a IA e pensar que ela é a resposta para tudo significa ignorar suas limitações.

A IA generativa, por exemplo, não compreende causa e efeito e não entende metáforas. Ainda há questões como a dependência de conjuntos de dados grandes e caros e os riscos de vieses nos dados e resultados.

Enquanto isso, uma regulamentação que está sendo criada pela União Europeia, conhecida como AI Act, tem o potencial de se tornar pioneira na regulação da Inteligência Artificial.

O Google Bard foi lançado no início de maio em mais de 180 países, mas todas as nações da UE, além do Canadá e Hong Kong, ficaram de fora.

As restrições à IA começaram na Itália, que decidiu proibir o ChatGPT com base em regras de direitos autorais e no GDPR (a lei de proteção de dados da UE). A regulamentação se estendeu à China, que queria regular as opiniões políticas da IA, e logo o Canadá também aderiu a tendência.

A situação agora se tornou mais preocupante agora que um grupo do Parlamento Europeu incluiu exigências no documento que regulamenta a IA generativa, ainda mais rígidas do que a lei da China.

Um dos pontos mais importantes é que qualquer IA que queira entrar na UE terá que passar por um processo de aprovação extremamente caro e burocrático. Sem autorizações, uma empresa como a OpenAI poderia ser multada simplesmente por disponibilizar uma API para a Europa.

Uma startup americana poderia enfrentar problemas legais na Europa apenas por disponibilizar seu código.

Por exemplo, se uma empresa europeia decidir usar um trecho de código não aprovado pela UE, criado por uma empresa americana, não só ela teria problemas, com também a americana, se as regras do AI Act forem aprovadas na UE.

A UE tem trabalhado na elaboração dessa lei sobre IA há mais de dois anos, que cria obstáculos para as startups, já que elas não têm recursos para arcar com os altos custos burocráticos e de lobby – ao contrário do Google, com seu Bard.

#VC

Fundos procuram alternativas para não deixar o dinheiro parado (Softbank, Tiger Global e a16z inclusos)

Os fundos estão quebrando a cabeça para não deixar o dinheiro parado, já que o mercado não anda tão favorável para investir nos estágios finais.

O Softbank quer usar os seus bilhões para preencher o vazio deixado pela quebra do Silicon Valley Bank, que era um dos principais nomes quando o assunto era empréstimos pra startups e empresas de tecnologia.

Segundo o Bloomberg, os investidores do Softbank discutiram com agentes do mercado sobre dar empréstimos diretos pras empresas de tecnologia e levantaram a possibilidade de colocar até US$ 1 bilhão nesse tipo de investimento. Isso seria realizado por meio da Softbank Investment Advisors, que administra dois fundos Vision.

Recentemente, o Softbank anunciou um prejuízo recorde nos seus resultados referentes ao ano fiscal que terminou em março. A queda veio principalmente dos fundos Vision, que perderem 4,3 trilhões de ienes (US$ 32 bilhões) no período, enquanto no ano anterior tinham perdido uns 2,55 trilhões de ienes (US$ 19 bilhões) no mesmo período.

As negociações estão só começando e podem mudar. O Softbank quer lucros de dois dígitos pra sua estratégia de crédito privado, uma porcentagem parecida com o que os bancos e outras empresas grandes de empréstimos diretos fazem.

O Softbank não é o único a se mexer pra não deixar o dinheiro parado.

A Andreesen Horowitz sonda a ideia de montar um “fundo de fundos” pra ajudar as gestoras a investirem em startups nos estágios iniciais. E a Tiger Global, que é um dos fundos globais que mais apostou nas startups nos últimos anos, foi atrás da Evercore pra vender e se desfazer das participações nas startups mais maduras que eles têm no portfólio.

#agro

Colhendo oportunidades: inovação e investimento em startups do agronegócio

Nos próximos cinco anos, o agronegócio deve movimentar US$ 18,8 trilhões em todo o mundo. O crescimento da população aumenta a demanda por produtos agrícolas.

Investidores estão de olho nesse potencial de crescimento. Tanto é que, enquanto outros setores tiveram queda nos investimentos, o agro teve um aumento de 240% de 2021 para 2022.

A SLC Agrícola, um dos maiores grupos de produção de grãos e algodão do país e uma das primeiras empresas do ramo agrícola a ter ações negociadas em Bolsa de Valores, não ficou de fora desse movimento e criou a SLC Ventures.

🚀 A SLC Ventures é uma iniciativa para investir em novos modelos de negócios digitais no agronegócio. Mas o apoio dado pela companhia vai além do financeiro. A ideia é apoiar as startups além do aspecto financeiro.

Para falar mais sobre o potencial do setor, grandes corporações investindo em startups e muito mais, a Captable convidou Carlos Aranha, líder em ecossistemas da SLC Ventures, para o estúdio do Podcap!

Nesse episódio você encontrará:

👉 A criação do braço de inovação da SLC Agrícola

👉 Como as startups estão se envolvendo no agronegócio e o que elas podem trazer de novo para o setor

👉 Como grandes corporações do agronegócio podem se beneficiar ao investir em startups

👉 O investimento da SLC Ventures na Sensix

Para ouvir o episódio na íntegra clica aqui.

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