Edição 120
O perfil dos fundadores de startup do Brasil.
Mais: Early stage representa 77% das rodadas; e setor de tecnologia ultrapassa R$ 754 bilhões em receita.
Revelado: o perfil dos fundadores brasileiros de startup
Ao contrário do estereótipo popular de jovens empreendedores que dominam o setor de tecnologia, a Founders Overview 2024 revela que os fundadores de startups no Brasil tendem a ser mais experientes e maduros.
Cerca de 35,3% têm entre 35 e 44 anos, e 25,9% estão na faixa de 45 a 54 anos, evidenciando que a maioria dos empreendedores no país possui um background sólido no mercado corporativo antes de iniciar suas startups.
Experiência profissional e motivação
A pesquisa mostra que 44,5% dos fundadores vieram do mercado corporativo, onde identificaram oportunidades de inovação a partir de problemas vivenciados durante suas carreiras.
Essa experiência prévia, aliada a redes de contatos estabelecidas, é um dos grandes diferenciais que os empreendedores brasileiros trazem para o ecossistema de startups. Além disso, a motivação para mudar o mundo é citada por 77,6% dos entrevistados como o principal motivo para empreender.
Distribuição regional e de setores
O Sudeste continua sendo o principal centro de startups no Brasil, representando 55% das empresas. No entanto, o Sul e o Nordeste estão emergindo como regiões em crescimento.
Setores como edtechs, fintechs e greentechs estão entre os mais destacados, refletindo a diversidade e maturidade do ecossistema de startups no Brasil.
Inteligência artificial e o futuro
A pesquisa também destaca o aumento do interesse dos investidores em startups que utilizam inteligência artificial, com 36,7% das empresas reportando maior atenção a essa tecnologia.
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Com foco em análise de dados e automação, a IA está se tornando um diferencial competitivo crucial. Além disso, muitos fundadores planejam realizar fusões ou aquisições no futuro, indicando uma visão estratégica de crescimento e consolidação no mercado.
B2B em foco
Mais da metade (54%) das startups brasileiras focam no mercado corporativo, atuando no modelo B2B.
Essa tendência reflete a maturidade dos empreendedores no país, que buscam solucionar problemas específicos das empresas.
Investimento e suporte aos fundadores
Quase 70% dos fundadores de startups brasileiras afirmam não ter recebido investimento externo. Para 49,5% dos entrevistados, o tipo de capital – seja de investidores anjos, venture capital ou CVC – não é determinante.
O principal valor do investimento está no networking e nas mentorias oferecidas (61%), superando a importância do apoio financeiro (36%).
O estudo revela ainda que 70% dos entrevistados têm a intenção de realizar um M&A no futuro. Entre eles, 37% planejam vender suas startups nos próximos cinco anos, enquanto 21% têm um horizonte de uma década para essa transação.
O crescimento do early stage no VC
No primeiro semestre de 2024, as startups em estágio inicial dominaram as rodadas de venture capital globais, representando 77,8% dos deals, conforme análise da GlobalData.
Com um total de 5.084 rodadas de financiamento registradas, 3.957 foram destinadas a empresas nesse estágio, indicando uma clara preferência dos investidores por apoiar startups mais jovens e promissoras.
Dentre as rodadas de early stage, o estágio Seed liderou com 2.163 deals, seguido pela Série A, que contou com 1.794 rodadas.
À medida que as startups avançam em sua maturidade, o número de deals diminui significativamente: foram 702 rodadas na Série B, 286 na Série C, 86 na Série D e apenas 41 na Série E.
Cheques menores
Apesar da predominância das rodadas early stage, os cheques para essas startups são consideravelmente menores.
O ticket médio dessas rodadas foi de US$ 7,7 milhões, bem abaixo do valor médio das rodadas late stage, que alcançou US$ 49 milhões. Isso reflete a cautela dos investidores ao apoiar startups ainda em fases iniciais de desenvolvimento.
Mesmo dominando o volume de rodadas, o investimento em startups early stage também sofreu um declínio no primeiro semestre de 2024 em comparação ao ano anterior.
O cenário atual demonstra que, em um ambiente de maior incerteza econômica, os fundos de venture capital estão focados em startups em estágio inicial que possuem potencial de crescimento, mas com cheques mais modestos.
Essa estratégia permite que os investidores diversifiquem seus portfólios, mitigando riscos ao mesmo tempo em que apostam em inovações que podem se destacar no futuro.
Setor de tecnologia fatura R$ 754 bilhões em 2023
Em 2023, o setor de tecnologia no Brasil faturou R$ 754,9 bilhões, representando um crescimento de 5,2% em relação ao ano anterior e 23% em comparação a 2020.
Esses dados foram revelados em um estudo divulgado durante o Startup Summit em Florianópolis, como parte do projeto Observatório ACATE, com informações coletadas pela Neoway.
Desempenho dos estados
O crescimento de receita no setor de tecnologia não foi uniforme em todos os estados. Enquanto Ceará, Santa Catarina e Paraná apresentaram as maiores altas, com 7,8%, 7,6% e 5,5%, respectivamente, estados como Goiás e Bahia experimentaram retrações. O Rio de Janeiro mostrou estabilidade em sua receita.
Um aspecto positivo observado em praticamente todos os estados foi o aumento no número de empresas de tecnologia.Todos os estados do Top 10 registraram um crescimento superior a 10% no número de novas empresas.
São Paulo se destaca com 223 mil empresas, liderando o ranking nacional com um faturamento de R$ 352,2 bilhões por ano.
Participação no PIB
A tecnologia tem uma crescente influência no PIB de vários estados. São Paulo lidera com 11% do PIB proveniente do setor de tecnologia, seguido pelo Amazonas com 15,4%, impulsionado pela Zona Franca de Manaus, e Santa Catarina com 7,5%.
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