O segredo dos unicórnios

Edição 74

O que os caminhos dos fundadores de unicórnio têm em comum? Descubra.

Mais: Como a Pismo se tornou unicórnio, R$ 150 milhões para superapp de motoristas e as top 20 startups do Brasil, segundo o Linkedin.

O segredo para fundar um unicórnio

`

Unicórnios, empresas privadas que valem mais de US$ 1 bilhão, não mais tão raros quanto há 10 anos. Também não são tão comuns quanto há 2 anos atrás. Ainda assim, o magnetismo dessas empresas faz com que o interesse sobre desvendar os caminhos para chegar lá continue alto.

Por isso, a Endeavor se debruçou sobre a jornada dos fundadores de unicórnios – nos EUA e em mercados emergentes –e traçou os pontos de convergência entre as jornadas desses empreendedores.

Os resultados são fascinantes, mostrando que algumas pré-concepções não estão tão corretas assim. Outras, ficam ainda mais reforçadas.

Os caminhos das carreiras dos founders

Esses são os caminhos das carreiras de 200 fundadores de unicórnios. Cada linha da imagem abaixo representa um fundador de um unicórnio nos EUA ou em um mercado emergente. Os nódulos ovais representam experiências-chave ao longo da jornada para a fundação de um unicórnio.

Aqui estão alguns destaques:

  • Fundadores de unicórnio são cidadãos globais – 55% dos fundadores de unicórnio americanos são imigrantes de primeira ou segunda gerações. Nos emergentes, 32% dos unicórnios também tem fundadores imigrantes – muitos são exemplos de migração entre países da América do Sul. Os fundadores também desenvolvem uma perspectiva global ao estudar ou trabalhar no exterior. 60% dos fundadores pesquisados estudaram ou trabalharam fora do país de origem.
  • Apenas um terço dos fundadores de unicórnio fizeram faculdade em uma instituição de elite, embora 97% deles tenham um diploma de alguma faculdade. Se contabilizados programas de mestrado e doutorado, menos de 50% dos fundadores passaram por uma instituição de elite.
  • Apenas 20% dos fundadores unicórnios trabalharam para uma empresa de elite – como as três maiores empresas de consultoria globais; ou nas grandes empresas tech, como Microsoft, Apple, Alphabet, Meta, Amazon (MAAMA); ou grandes bancos de investimento.
  • Metade dos fundadores de unicórnio trabalharam em uma startup ou scaleup antes de fundar a própria empresa. A maior parte dos fundadores de unicórnios de sucesso não tinha experiência em trabalhar para grandes marcas. Muitos tiveram cargos C-level em startups tech e um número significativo trabalhava em outro unicórnio antes de fundar o seu.
  • Metade dos fundadores são empreendedores seriais – o que indica que ter fundado uma outra empresa antes pode ser um bom ponto no currículo para ser founder de um futuro unicórnio. A maioria desses empreendedores seriais também tiveram saídas (exits) de sucesso.
  • Em média, os fundadores de unicórnio tinham, em média, 10 anos de experiência trabalhando depois da formação em uma faculdade. Ou seja, os founders de sucesso geralmente ganham experiência nos negócios e constróem seu network durante algum tempo antes de fundar um unicórnio.
  • Ciências e engenharias são cursos muito mais comuns do que os de negócio – 61% se graduou nessas áreas e apenas 19% em negócios.  
  • Fundadores de unicórnios em mercados emergentes têm habilidades diferentes dos americanos e, também, atingem o status de unicórnio mais rápido – 5,5 anos para os emergentes e mais de 6 anos para os americanos. Founders de mercados emergentes são 10x mais prováveis de terem trabalhado com finanças, consultoria, desenvolvimento de negócios ou marketing. Por outro lado, fundadores dos EUA são mais propensos a terem trabalhado em cargos de produto e engenharia. 

Para emergentes, escala é o nome do jogo

Em conclusão, unicórnios dos mercados emergentes mais frequentemente resolvem problemas em escala, comparado aos unicórnios americanos que costumam seguir hypes do VC que nem sempre produzem bons resultados.

Nos unicórnios em mercados emergentes foi encontrada alta concentração de fintechs, startups de e-commerce e empresas de logística/transporte. Nos EUA, os fundadores tendem a operar unicórnios em diversos setores high-tech, incluindo febres do VC, como blockchain e criptomoedas. Nos mercados emergentes, os fundadores tendem a criar impacto mais abrangente, atuando em áreas como inclusão financeira, apps de mobilidade e superapps.

Não há fórmula ou atalho

Ainda que seja válido entender os caminhos que os fundadores de unicórnio percorreram, não há um caminho de ouro que seja idêntico aos caminhos percorridos por todos os fundadores dos unicórnios mais valiosos do mundo. Há muitas rotas para o sucesso e esse estudo mostrou diferenças claras entre fundadores de unicórnios americanos e aqueles em mercados emergentes. 

Unicórnio brasileiro de 2023 afirma: é preciso dizer não

Daniela Binatti é diretora de tecnologia da Pismo, startup comprada por US$ 1 bilhão pela Visa em 2023 e único negócio que atingiu valor de unicórnio em 2023 no Brasil.

Em entrevista, Daniela afirmou que ‘para ser unicórnio, é preciso saber falar não’. A frase foi disparada no contexto em que a diretora explicava a relação com os fundos de investimento. Segundo ela: 

“os fundos ajudam demais, e a gente tem que ter muita humildade para aceitar, ouvir e executar. Mas também temos que ter coragem de defender as coisas em que temos mais experiência. Já estávamos há 20 anos nesse mercado e sabemos a hora de falar não”.

Outros 4 elementos para construir um unicórnio

Outro fator que ajudou no sucesso da startup foram as portas abertas pelo primeiro fundo, a Redpoint, segundo Binatti, os primeiros clientes vieram todos por indicação – e a rede proporcionada pelo fundo de VC foi essencial para começar a operação.

Ainda, foi muito importante que os cofundadores do negócio tenham tido uma outra experiência juntos antes de fundar a Pismo. 

“Quando decidimos construir a Pismo, trabalhamos juntos 16 anos construindo do zero uma outra plataforma de processamento (…). Nós tínhamos muita clareza do que a gente precisaria fazer diferente para que a solução pudesse escalar de maneira diferente.”

Outro fator citado pela CTO foi a experiência dos founders:

“quando fundamos a empresa, todos nós estávamos ali pelos 40 anos de idade. Isso também é um ponto importante, porque tivemos experiência como executivos e construímos carreiras em outras organizações.”

A última dica dada por Daniela para quem deseja construir um negócio de US$ 1 bilhão no Brasil é focar no desenvolvimento de uma solução global. É preciso ter uma estrutura e uma fundação que permitam essa escala mundial. 

A Pismo, por exemplo, consegue lançar o produto em qualquer região do mundo que tenha a AWS – isso facilita na escalabilidade do negócio e foi fundamental para atrair a Visa, por exemplo.

R$ 150 milhões para super app do motorista

A Gringo está numa jornada para criar o super app do motorista e acaba de levantar R$ 150 milhões para realizar essa visão. A intenção é utilizar o capital para acelerar o crescimento do número de clientes ao mesmo tempo que conecta novos serviços na plataforma.

A rodada foi liderada pela Valor Capital e contou com follow-on de todos os investidores anteriores, incluindo Kaszek Ventures, ONEVC e VEF.

A Gringo não revela o valuation da rodada, assim como não revelou o anterior (Série B), mas diz que foi 50% maior que a última captação de recursos. 

A startup começou com uma fórmula simples, entregando conveniência: monitorando documentos, CNH, multas e pagamento do IPVA dos motoristas – assim, os usuários utilizam o app com frequência para ver essas informações.

Para oferecer as funcionalidades básicas, a Gringo se conecta com APIs de bancos, despachantes e do Detran para – com a autorização do motorista – consultar automaticamente e em tempo real todas as informações do carro e CNH.

Através de notificações, alerta o usuário de novas multas, vencimento da CNH, descontos para pagamento antecipado de infrações e lembra do pagamento do IPVA.

Como a startup ganha dinheiro?

A receita da startup era restrita a uma taxa que a Gringo recebia cada vez que um motorista optava por pagar as multas ou o IPVA por dentro do app. Porém, há alguns meses, a startup também começou a distribuir serviços acessórios para condutores, como seguros e empréstimos com garantia do automóvel – gerando uma comissão em cima dessas vendas.

Em pouco tempo, esses serviços já somam 10% da receita da startup, os outros 90% vem das taxas dos pagamentos.

Crescimento e planos para o futuro

O crescimento da startup já está acelerado, só nos últimos 18 meses a startup dobrou a base de usuários, pulando de 5 milhões para 10 milhões de motoristas utilizando o app – 80% deles ativos, abrindo o aplicativo pelo menos uma vez nos últimos 3 meses. A receita também triplicou.

Para o futuro próximo, o plano é chegar aos 20-30 milhões de usuários em dois anos e consolidar os produtos de crédito e seguro, entrando, logo após, na vertical de compra e venda de automóveis.

A ideia é utilizar os dados que a startup já possui sobre os condutores e os carros para personalizar o processo de aquisição e venda, tornando-o mais fluido.

No longo prazo, a startup quer incorporar todos os produtos e serviços necessários para um condutor dentro do app, incluindo abastecimento, manutenção, pedágio e seguros.

Para o negócio, o plano é que a captação atual, somada aos R$ 190 milhões da rodada anterior – R$ 95 milhões ainda não foram gastos –, dure de 3 a 5 anos, quando o plano é realizar um IPO.

Super app sem confusão

Embora planeje incluir uma infinidade de serviços no app, o objetivo é não poluir a home do app, o que prejudicaria a experiência do usuário. Para isso, oferecerão os produtos de acordo com a necessidade. Por exemplo, oferecendo seguros próximos da data de renovação; se o usuário buscar na tabela Fipe o valor do seu veículo, oferecer o serviço de compra e venda; entre outros.

Top 20 startups, segundo o Linkedin…

O Linkedin divulgou a sexta edição da sua lista Top Startups, que destaca as 20 startups que mais se destacaram em crescimento, engajamento e atração de talentos.

A lista considera quatro pilares principais: o crescimento de oportunidades de emprego, engajamento dos usuários com a empresa e funcionários, interesse dos profissionais do mercado pelas vagas disponíveis nessas startups e atração dos melhores talentos.

As startups que figuraram no ranking pertencem a diferentes setores, como serviços financeiros, saúde, benefícios, tecnologia e outros. Diferente do ano passado, quando ainda estávamos vivendo um período de adaptação pós-pandemia, a lista desse ano é marcada pela grande ascensão das tecnologias e da inteligência artificial.

Ainda, Guilherme Odri, editor-chefe do LinkedIn Notícias Brasil, afirma:

“Vemos que serviços financeiros no ambiente online seguem liderando a lista, o que mostra uma reafirmação da grande oferta e procura por serviços que facilitem as finanças de seus consumidores, tema que ainda é considerado complexo para muitos.”

Confira a lista completa de Top Startups 2023:

1. C6 Bank

2. Caju

3. Flash

4. Gringo

5. Cora

6. Conta Simples

7. Marvin

8. Faster

9. Dr. Cash

10. Sallve

11. Kanastra

12. Seazone

13. Môre

14. Cayena

15. Swap

16. Onfly

17. Sami

18. Kiwify

19. Leve Saúde

20. Skeelo

Informativa, inteligente, exponencial.

Selecionamos as principais notícias do mercado. Trazemos editoriais, análises, entrevistas e materiais educativos. Fazemos você embarcar nesse ecossistema que pode te trazer retornos inimagináveis.

O nosso e-mail chega na sua caixa de entrada toda sexta-feira, às 12h48.

Compartilhe:

Veja também

Anterior
Próximo