Turbulência no Vale do Silício?

Edição 82

O que aconteceu com a OpenAI e o seu CEO?

Mais: Lovin’ Wine abre rodada de R$ 1,25 milhão; o perfil das startups early-stage; e R$ 1,9 bi para o VC no Brasil.

Idas e voltas na OpenAI

Senta que lá vem história. Se você acompanha as novidades do Vale do Silício deve ter percebido que a semana foi movimentada por lá. A OpenAI, aquela do ChatGPT, viveu uma história digna da trama de um thriller.

Tudo começou quando, na sexta-feira passada, sem qualquer aviso, Sam Altman, CEO que levou a OpenAI a valer US$ 90 bilhões, foi demitido pelo conselho da empresa.

Sem qualquer cerimônia, o comunicado afirmava que Sam não havia sido transparente com o conselho e que, por isso, estava sendo removido do cargo. 

Diferente dos comunicados que buscam usar meias palavras para anunciar uma mudança desse porte, o comunicado da OpenAI utilizava palavras duras, culpando o próprio Altman por sua demissão.

Segundo burburinhos, os motivos iam além: Sam estava imprimindo um ritmo acelerado na companhia, implementando produtos novos sem pensar nas consequências. Porém, a OpenAI tem uma estrutura corporativa incomum: é regida por uma entidade sem fins lucrativos que controla a subsidiária com fins de lucro – essa última é a que tem investidores e gera dinheiro.

Da demissão ao motim

Os planos do conselho da OpenAI, no entanto, não contavam com a fúria dos funcionários da empresa, pressão dos investidores e manobras da Microsoft para reverter a situação.

Pouco tempo depois do anúncio da demissão, 6 horas para ser exato, Greg Brockman, um dos cofundadores e membros do conselho de administração, se demitiu.

Na segunda-feira, a Microsoft – uma das maiores investidoras e clientes da OpenAI – afirmou que contratou Sam e Greg para dirigir uma subsidiária que ficará responsável por conduzir pesquisas avançadas em IA.

No mesmo dia, 95% dos funcionários da OpenAi entregam um comunicado afirmando que irão se demitir e ir para onde Sam e Greg forem se os dois não forem recontratados e o conselho não se demitir. E que a Microsoft afirmou que haveria posições para todos eles na nova subsidiária de IA da Microsoft.

Sam is back

Depois de apenas cinco dias, na quarta-feira, a OpenAI anunciou em seu perfil no X (Twitter) que havia chegado a um acordo e que Sam Altman voltaria a ser CEO da OpenAI, junto a um novo conselho administrativo. Greg Brockman também voltou.

Ou seja, no fim, a influência do CEO foi capaz de mover funcionários e a maior investidora da empresa, a Microsoft, tornando o desejo do board de demitir Sam Altman apenas isso: um desejo.

Na verdade, o que conseguiram foi uma bela história para contar e, provavelmente, um documentário na Netflix.

Ah, nesse meio tempo, TRÊS CEOs interinos passaram pela cadeira de Sam na OpenAI e até uma proposta de fusão,feita pelo board, foi entregue a uma das maiores concorrentes da empresa, a Anthropic – a proposta foi negada.

Para crescer no varejo físico, Lovin’ Wine abre rodada de R$ 1,25 mi

A Lovin’ Wine, startup de vinhos premium em lata, abriu uma nova rodada para levantar R$ 1,25 milhão para levar seus produtos para mais pontos de venda no Brasil.

A meta é dobrar o número de pontos de venda nos próximos 12 meses e impulsionar a receita da empresa em 80%,ultrapassando os R$ 9,5 milhões em 2024.

Lucas Aguiar, CEO da Lovin’, ressaltou que:

“Em 2023, o varejo físico se tornou uma prioridade para nós, sem deixar o online de lado, e em 2024 vamos intensificar este plano”.

Desde 2021, quando a Lovin’ ainda tinha uma estratégia majoritariamente focada nas vendas online, a Lovin’ saltou de 150 PDVs para mais de 2 mil em 2023.

Esse crescimento no varejo vem depois de investir pesadamente para aumentar o awareness da marca dentre os consumidores. Hoje, esse reforço de branding vem muito na forma de parcerias com grandes marcas, como Lez a Lez, Zerezes, Yuool, Warren, Nanaminze, e diversas outras que realizaram eventos em parceria.

Novidade na rodada

rodada atual da Lovin’ Wine é a terceira a ocorrer via Captable, a maior plataforma de investimento em startups do Brasil. Mas, há uma novidade: ao invés de oferecer títulos conversíveis em ações futuras, a rodada terá emissão de ações diretas na empresa. É possível investir a partir de R$ 1000 na plataforma.

Essa é a segunda vez que a Captable realiza essa modalidade de investimento, a primeira foi a Cowmed, uma agritech, no final de 2022. Segundo Paulo Deitos, cofundador e CEO da plataforma, a expectativa é que a Lovin’ repita o sucesso das rodadas anteriores. Na primeira, em 2021, atraiu 300 investidores e levantou R$ 2 milhões. Na rodada follow-on de 2022, foram R$ 2,49 milhões.

De acordo com Paulo, mesmo que as startups B2C estejam enfrentando mais dificuldades para levantar investimentos em 2023, a Lovin’ não tem dificuldade em atrair interessados. Deitos completa:

“Marcas que chegam para disruptar um mercado sempre captam com uma boa velocidade, tanto que estamos com mais de 60% da meta. Esperamos fechar a captação antes do fim de novembro”.

O perfil das startups early stage que mais crescem no Brasil

Já parou para pensar o que as startups early-stage que mais crescem têm em comum? Foi exatamente em busca de responder essa pergunta que um levantamento feito pela Bossa Invest analisou as empresas que cresceram 20% ou mais nos últimos dois anos – tanto em faturamento quanto em número de funcionários.

Segundo o estudo, que analisou 250 empresas, das startups que foram fundadas nos últimos cinco anos, 71,4% mais que dobraram seu faturamento. 76,4% delas possuem mais de 20 funcionários.

Outro fator que influencia no sucesso é ter cofundadores no negócio: 94,1% das startups que tiveram destaque possuem dois ou mais founders. 50% desses fundadores já não são mais empreendedores de primeira viagem.

Sobre o perfil dos fundadores, 57% são formados em cursos de ciências humanas e 43% em exatas.

Desigualdade persiste

A força do eixo Rio-São Paulo continua exercendo influência e atraindo a maioria das startups destaque. De acordo com o levantamento, os negócios do Nordeste, Norte e Centro-Oeste representam 17,7% das outliers. Dados que apontam a necessidade de apoio e incentivo aos ecossistemas de inovação dessas regiões.

Muitas empresas, inclusive, são dessas localidades e buscam manter uma segunda sede em São Paulo para estar incluso no estado que mais se destaca no nascimento de startups.

40% das startups nascem em SP, a região Sul é responsável por 30% dos nascimentos desse tipo de negócio – Norte, Nordeste e Centro Oeste combinados representam apenas 11%.

Clientes e faturamento

Quando se fala em modelo de negócio, 80% dos negócios atendem exclusiva ou primariamente outras empresas (B2B) e 19% são voltadas para o consumidor final (B2C).

Ainda, as startups que contam com softwares por assinatura (SaaS) são destaque: 97% dos negócios analisados distribuem seus produtos predominantemente dessa maneira.

A maioria das startups, 63,7%, faturam entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões. O volume médio do faturamento é de R$ 3 milhões e 40% empregam mais de 20 pessoas.

No terceiro tri, R$ 1,9 bi para o VC – alta de 19%

Entre julho e setembro de 2023, R$ 1,9 bilhão foram investidos por fundos de venture capital em startups brasileiras. Esse montante é 19% maior que o trimestre anterior, embora represente uma queda de 29,6% quando comparado ao ano anterior.

Já os investimentos realizados por empresas, através de fundos de corporate venture capital (CVC), permaneceram estáveis: foram R$ 800 milhões no terceiro e no quarto trimestres. O número de transações caiu 11%, de 27 para 24.

Os dados são de uma pesquisa da Abvcap com a TTR Data e, segundo a presidente da Abvcap, Priscila Rodrigues:

“É uma excelente notícia que os investimentos em VC tenham voltado a crescer, num sinal de que o mau momento iniciado com a subida dos juros nos Estados Unidos pode estar começando a passar”

Setores em alta

Em número de investimentos em venture capital, os setores mais representativos no terceiro trimestre foram: tecnologia da informação, com 56%; e serviços financeiros, 14%.

No corporate venture, nos primeiros 9 meses de 2023, os setores de empresas com mais corporates ativos foram os de tecnologia da informação, serviços financeiros e produtos e serviços ao consumidor.

Megadeals

Dos aportes realizados entre julho e setembro, ficaram em destaque cinco megadeals conquistados por startups brasileiras: a rodada de R$ 300 mi da Nomad, os R$ 250 mi da Mottu, R$ 242 mi da Daki, os R$ 150 mi levantados pela Gringo e o aporte de R$ 96 mi da Cobli.

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