Unicórnios caídos

Edição 94

10 anos depois, como estão os unicórnios?

Mais: Os sinais de janeiro no VC e a nova rota do Softbank.

10 anos depois, o que o Clube dos Unicórnios ensina?

“Era dos Unicórnios” atingiu a marca de 10 anos. Tudo começou com um artigo icônico do TechCrunch, “Welcome to the Unicorn Club”, que lançou o termo para o estrelato. Mas as coisas mudaram bastante desde então, especialmente com o que mostra uma nova pesquisa da Cowboy Ventures.

Parece que é hora de repensarmos nossas fantasias de unicórnio e encarar a realidade.

O que começou com um modesto grupo de 39 startups em ascensão agora se transformou em uma manada de 532, com um valor de mercado combinado que poderia fazer até os maiores céticos ficarem boquiabertos. 

Mas antes de começarmos a celebrar, é melhor olhar mais de perto esses chifres reluzentes. A última década trouxe uma enxurrada de unicórnios, mas também uma boa dose de “unicórnios caídos”, mostrando que nem todos podem suportar o peso do título.

E quem diria que o mercado B2B se tornaria queridinho? Enquanto antes as startups focadas no consumidor final bombavam, agora a tendência são as empresas que vendem para outras empresas. 78% dos unicórnios atuais são focados nesse mercado.

Com o tempo ficou claro que é mais fácil vender para uma empresa do que convencer um indivíduo comum a abrir a carteira. O caminho do crescimento fica muito mais curto – e mais barato no B2B.

E não podemos esquecer dos “papercorns”, aqueles que brilham apenas no papel. Esses negócios compõem impressionantes 93% do total de unicórnios, o que nos faz questionar se realmente estamos lidando com uma espécie ameaçada de extinção ou apenas com uma miragem no deserto do Vale do Silício. 

Com a maioria dessas avaliações ocorrendo durante o período de 2020 a 2022, quando os investidores estavam mais generosos do que nunca, é hora de se perguntar quantos desses unicórnios de papel vão resistir quando a poeira abaixar e a realidade econômica se impuser.

Mas nem todos os unicórnios estão destinados ao abate. Aqueles que conseguiram construir algo sólido por baixo do brilho superficial podem muito bem encontrar o caminho para o sucesso duradouro.

Enquanto navegamos por essa paisagem em constante mudança dos negócios de tecnologia é preciso manter um olho nos chifres, mas também manter os pés firmemente plantados no chão.

Impulso inicial para começar 2024

Se você já estava com aquela pulguinha atrás da orelha sobre como seria o cenário de investimentos para as startups em 2024, os números de janeiro estão aí para acabar com um pouco do suspense. 

Segundo o relatório mensal da Sling Hub, o ano começou com um pequeno boom no volume de dinheiro circulando pelo Brasil e pela América Latina. Isso mesmo: as coisas estão esquentando!

O relatório revela que rolaram 52 rodadas de investimento no mês passado, somando uma quantia de US$ 438 milhões na região latina e US$ 305 milhões apenas para negócios brasileiros. 

O crescimento foi de dar inveja até mesmo aos otimistas de plantão, com um aumento de 321% em relação a dezembro no Brasil. Isso mesmo, trezentos e vinte e um por cento! E no cenário latino-americano, um crescimento tímido de 35% – mas não dá pra reclamar, não é mesmo?

João Ventura, o CEO da Sling Hub, ressalta que embora o número de rodadas tenha dado uma minguada, o que importa é o tamanho dos cheques, que estão voltando a ficar mais recheados. Menos rodadas, mais dinheiro! 

Ah, e sabe quem brilhou? O Brasil, com 70% do bolo de investimentos da América Latina e 58% das rodadas!

Mas, como nem tudo são flores, as fintechs tiveram uma queda, ou melhor, tropeçaram um pouco. De US$ 272 milhões em janeiro de 2023 para US$ 124 milhões em 2024, uma queda de 48%. 

Por outro lado, as telecoms e healthtechs deram um show à parte. Destaque para a Elea Digital e a Amigo Tech, que arrebentaram com suas rodadas milionárias. E claro, não podemos esquecer da Conta Simples, que fechou uma série B de fazer inveja aos concorrentes!

E por falar em desaceleração, parece que as fusões e aquisições não estavam muito animadas no mês de janeiro… dos 11 deals que rolaram, apenas 7 foram entre startups. Ah, mas teve uma exceção: a compra da Reshape pela Hotmart. 

Tudo indica que 2024 será um ano mais afortunado para as startups, pelo menos é isso que o relatório da Sling Hub aponta com base nas movimentações de janeiro.

Softbank reajusta a rota

Parece que o Vision Fund do SoftBank está fazendo uma viagem de volta à realidade depois de brincar de Papai Noel com as avaliações das startups e acumular algumas perdas nada desprezíveis. É como se eles tivessem acordado de um sonho louco onde o dinheiro era infinito e as avaliações não importavam.

O Vision Fund está mudando sua abordagem estratégica, esse reposicionamento vem após uma fase de desaceleração, durante a qual o fundo evitou investir em startups de crescimento acelerado, como o infame caso do WeWork e da empresa de entrega de pizzas, Zume. 

Em vez disso, o fundo agora está preferindo investir com parcimônia, especialmente em startups de inteligência artificial,buscando aquelas com modelos de negócios sólidos e foco em incorporar tecnologias existentes em vez de inventar novas.

Essa nova postura reflete uma preocupação com as condições do mercado, marcadas por taxas de juros mais altas e um cenário de IPOs mais restrito.

O Vision Fund I, que anteriormente liderava o caminho com um financiamento generoso, agora está mais cauteloso, enquanto o Vision Fund II, lançado em 2019, também está ajustando sua estratégia para investir de forma mais comedida, evitando startups com valuations muito altos. 

No entanto, o SoftBank, liderado pelo CEO Masayoshi Son, está buscando diversificar seus investimentos, olhando para setores como caminhões autônomos e armazenagem.

Enquanto o SoftBank retém um montante significativo para investir, a equipe do Vision Fund está mais envolvida com as empresas em seu portfólio atual, buscando orientá-las para garantir retornos mais estáveis. 

Essa mudança de foco tem sido bem recebida por alguns fundadores, que apreciam o suporte mais ponderado e direcionado. Embora essa abordagem possa representar um afastamento do estilo de investimento anteriormente extravagante do Vision Fund, ela sugere uma adaptação às realidades do mercado e uma busca por um equilíbrio entre ousadia e cautela em suas estratégias de investimento para o futuro.

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