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No vácuo dos aportes na América Latina, nasce um novo Softbank

Foi ao ar, perdeu o lugar. Na esteira da desaceleração dos investimentos do Softbank na América Latina, um novo fundo nasce para tomar o lugar do gigante japonês. Desde 2019, o Softbank chegou a estar presente em mais de um terço das rodadas por valor investido na América Latina.

A representatividade do fundo significa que a redução dos investimentos dele geram impacto massivo no ecossistema de inovação brasileiro. Mas não por muito tempo. Não deve faltar capital com mais de R$ 18 bilhões disponíveis para investimento de venture capital no Brasil e R$ 3,6 bilhões de um novo gigante recém-criado.

Retração do Softbank

Além de participar de mais de um terço das rodadas por valor investido desde 2019, o Softbank foi investidor-líder de 15% das rodadas. No primeiro semestre de 2022 o Softbank participou de rodadas na América Latina que somaram US$ 1,57 bilhão investidos, no semestre anterior havia investido US$ 4,31 bilhões. Uma queda e tanto.

O Softbank não esteve sozinho, mas ajudou consideravelmente na queda de 71% de deals na região – em 2021, US$ 7,1 bilhões haviam sido investidos apenas no terceiro trimestre.

Para tentar reverter a situação em que se encontra – o Softbank Group teve um prejuízo trimestral de mais de US$ 23 bilhões –, o gigante deve passar a investir em estágios mais iniciais, garantindo maior horizonte de valorização dos aportes. Foi desse novo direcionamento que a Upload Ventures, uma spin-off do negócio de early-stage do Softbank que é liderado por Rodrigo Baer e Marco Camhaji, nasceu.

Nasce um novo gigante

A Temasek, fundo soberano de Cingapura, se uniu à Votorantim em um novo fundo – batizado de 23S Capital – que injetará R$ 3,6 bilhões (US$ 700 milhões) em negócios brasileiros. A Temasek já atuava no Brasil, sob o comando de Matheus Villares – que agora passa a gerir o novo fundo – e investiu em startups como Viveo, Bionexo, Memed, Conductor, Neoway, entre outras.

Sobre o momento atual não ser apropriado para a estreia da 23S, os gestores afirmam que não estão preocupados com os ciclos do mercado. “Você precisa investir em boas empresas, bons empreendedores e bons modelos de negócios. Somos investidores de longo prazo”, disse o CEO global da Temasek Dilhan Pillay.

Além do novo Softbank: mais de R$ 18 bilhões disponíveis

Em um mapeamento coordenado pela Jupter, chamado de A Rota de Investimentos em Startups 2022, realizado em parceria com Anjos & VCs – que une Anjos, Venture Capitalists, Family Offices e Corporates Venture Capitalists – foi constatado de que há R$ 18 bilhões em capital disponível para investimento em startups no Brasil.

Ou seja, há uma realidade distinta à apontada pelo mercado: a fonte dos investimentos em venture capital não secou. Há sim, muitos players com capital disponível e em busca de startups para investir. Na verdade, 89% dos players pesquisados estão buscando startups, 59% já investem e 56% destes estão estruturando novos fundos de investimento no país.

Assim como o Softbank, 47% dos investidores estão demonstrando maior preferência por investir em startups em estágio inicial – 33,9% deles concentrados no estágio seed, um dos mais iniciais. Ainda, a maioria dos players vislumbra participar de até três rodadas de uma mesma startup, realizando o follow-on à medida que o negócio cresce e o risco diminui (mas, apesar do risco, não deixam de garantir participação maior em rodadas iniciais).

Não vai faltar capital

O chamado dry powder, capital comprometido que ainda não foi alocado, subiu de R$ 5 bi para R$ 18 bilhões. Em pre-seed, o capital de risco passou de R$ 98 milhões para R$ 771 milhões; de R$ 3 bi para R$ 5,5 bilhões em seed; e R$ 2 bi para R$ 9,5 bilhões em series A.

Fato é que capital existe. Não há uma única rota para quem deseja buscar investimento ou investir em inovação – embora plataformas como a Captable sejam uma das maneiras mais fáceis para acessar esse mundo.

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