Você dá segundas chances?

Depois de levar a WeWork, avaliada US$ 47 bilhões, quase à falência em razão de práticas internas pouco confiáveis, Adam Neumann recebe cheque de US$ 350 milhões para a sua nova startup, Flow. Será que dá pra confiar?

E mais: iFood é comprada.

Leia mais na edição 17 da 1248 👇​

#venturecapital

Prosus compra controle total do iFood

O grupo holandes Prosus, subsidiária de investimentos internacionais do fundo sul-africano Naspers e controla da Movileacaba de comprar o controle do total do iFood. O acordo envolve um pagamento de € 1,5 bilhão, em dinheiro, além de um valor adicional de até € 300 milhões, pelos 33,3% de participação remanescentes.

Os termos do negócio avaliam o iFood entre € 4,5 bilhões e € 5,4 bilhões (R$ 22,75 bilhões ~ R$ 27,30 bilhões) e, por meio da Prosus, tornam a Movile e seus sócios proprietários integrais do aplicativo de delivery de comida.

Há 11 anos no mercado, o iFood recebeu o primeiro aporte da Movile em 2013. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, a companhia detém 80% do mercado brasileiro de entrega de refeições prontas, com 330 mil restaurantes, 200 mil entregadores e 70 milhões de pedidos mensais.

Já tendo atraído mais de US$ 2,1 bilhões em aportes, em 2018 a iFood ganhou oficialmente o status de unicórnio.

interesse da Prosus no iFood fica evidente por conta da afinidade do fundo com foodtechs – seu portfólio inclui empresas como a Delivery Hero, presente em mais de 50 países, a americana Sharebite, a Foodics, da Arábia Saudita, e a Swiggy, da Índia.

Larry Illg, CEO da Prosus Food, braço de alimentação do grupo holandês, ressaltou, em nota, que o setor brasileiro de delivery cresceu significativamente nos últimos quatro anos.

“Há uma oportunidade substancial para uma maior expansão tanto no negócio de entrega de comida em restaurantes quanto através da construção da plataforma em áreas como mercearia e comércio rápido”, disse. “O iFood se consolidou como líder em tecnologia no Brasil e seu sucesso o coloca entre as empresas de delivery de alimentos mais inovadoras do mundo”.

#trackrecord

Adam Neumann merece uma segunda chance?

Depois de quase quebrar um unicórnio, Adam Neumann pode criar um antes mesmo de abrir as portas. Isso porque ele acaba de levantar US$ 350 milhões para a sua mais nova startup, Flow, que atuará no mercado imobiliário.

Esse é o maior aporte pré-seed da história vindo de um dos principais investidores do mundo, a a16z, e, segundo o The New York Times, faz com que a companhia já nasça avaliada em mais de US$ 1 bilhão – ou seja, com o status de unicórnio.

Mas o que explica esse aporte depois do histórico polêmico de Neumann na WeWork?

De acordo com o cofundador da a16z, Marc Andreesen, Adam é “um líder visionário que revolucionou a segunda maior classe de ativos no mundo [imóveis]”, e a empolgação com a Flow é pelo setor imobiliário estar pronto para disrupções.

A nova companhia promete trazer algo inédito ao formato do aluguel, possibilitando a compra de participações no imóvel em paralelo às mensalidades tradicionais.

Como noticiamos na edição 5 na 1248, em maio, Neumann levantou US$ 70 milhões para a Flowcarbon, de venda de créditos de carbono tokenizados no blockchain (e que não tem nada a ver com a Flow a não ser pelas primeiras quatro letras do nome). O aporte foi liderado por ninguém mais, ninguém menos que a16z, e contou com outros investidores renomados.

O sucessivo voto de confiança desses investidores em Neumann pode representar muitas coisas, e uma delas é que track record importa (e muito) no jogo do venture capital.

Embora com um valuation muito menor e muito menos alarde do mercado, a WeWork acabou tendo seu IPO no final de 2021, e os primeiros investidores tiveram retorno dos seus investimentos. Assim, é compreensível porque uma empresa como a a16z confiaria em Neumann, pelo menos quando o assunto é construir uma imobiliária multibilionária.

Pois é. Neumann conseguiu convencer Marc Andreesen, um dos investidores mais renomados, poderosos e experientes do Vale do Silício, a acreditar que ele é possivelmente o empreendedor mais preparado para construir a maior companhia de real estate do mundo depois da WeWork.

Mas o aporte na Flow não foi tão bem aceito por todo mundo.

Uma parte do mercado defendeu que o venture capital é, nem mais nem menos, sobre apoiar fundadores ousados, enquanto a outra apontou que a segunda chance de Neumann surge quando outros empreendedores, especialmente mulheres e negros, lutam mais do que nunca para obter capital inicial.

Em tempos econômicos mais difíceis, porém, os gestores de ativos tendem a aportar no que consideram investimentos “seguros”. Empreendedores com histórico de criar empresas bem-sucedidas e disruptivas atraem investimentos maiores logo no início – que é o caso de Neumann.

Novo caminho para as startups é o crescimento orgânico

Diferente dos empreendedores que cresceram no período de “bonança” do venture capital, aqueles que estão agora lutando contra a maré utilizam a escassez como motor para buscar novas formas de crescer.

Os fundos de investimento, antes muito adeptos do crescimento rápido a qualquer custo, ficaram mais seletivos, buscando negócios com geração de caixa direto e que apresentem números saudáveis de crescimento orgânico – um dado que muitas vezes nem aparecia no pitch das startups.

Ainda novidade na busca dos venture capitalists de estágio avançado, o crescimento orgânico parece ser a bola da vez em rodadas iniciais. Startups com alto poder de comunidade, indicação, boas estratégias de viralização em redes sociais e clientes empenhados em divulgar o produto são vistas com bons olhos pelos investidores. E, em alguns casos, garantem um premium na avaliação do seu valor de mercado.

Um grande exemplo de crescimento orgânico é o Nubank, que cresceu através da divulgação espontânea em um mercado com alto custo de aquisição de clientes. 

São marcas como o Nubank, que caem no gosto do consumidor, que encontram caminhos de viralização e que dependem do boca-a-boca, que recebem o título de love brand. Uma marca que cria uma relação tão grande de confiança com o consumidor que pode reduzir em crescimento pago.

Outro exemplo de crescimento orgânico é a Food To Save, que oferece sacolas-surpresa aos consumidores, com produtos próximos da validade ou excedentes de produção ainda possíveis de consumo, como itens de balcão de padarias e supermercados. A startup acumula mais de 10 milhões de visualizações na hashtag #foodtosave no TikTok.

A visibilidade na rede social, onde consumidores mostram o que receberam em suas sacolas (com a marca em evidência) de forma orgânica, garante exposição do serviço para mais consumidores que ficam incentivados a comprar e descobrir o que virá na sua. Tudo isso cria uma cadeia de promoção gratuita da startup que é uma poderosa forma de aumentar o número de clientes sem gastar nada.

Os reajustes do mercado não devem ficar apenas no valuation das empresas, mas também no comportamento delas. E o saldo disso deve ser positivo: as startups aprenderão a fazer mais com menos.

#superlive

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